Setembro de 2005. Portugal ia defrontar a Rússia quando Cristiano Ronaldo foi informado do falecimento do pai. Uma notícia que ninguém queria dar ao jogador, mas que acabou por ser transmitida pelo então selecionador, Luiz Felipe Scolari.

«Foi muito duro. Mas foi o momento que criou a ligação entre nós, e que vai além da relação entre treinador e jogador. Quando chegou a notícia, antes do jogo com a Rússia, ninguém sabia como dizer-lhe. Eu disse que ia contar-lhe, uma vez que sabia o que era perder um pai. Tinha perdido o meu alguns anos antes», começa por dizer o técnico brasileiro, em entrevista ao Daily Mail.

«Foi muito triste, mas é um daqueles que momentos que te liga a um amigo. No dia seguinte ele fez um jogo magnífico e regressou a Portugal. Pediu para jogar. “Não posso fazer nada pelo meu pai hoje. Vou jogar e depois sigo”, disse-me ele».

Relativamente ao valor de Cristiano Ronaldo enquanto jogador, Scolari diz que o português «é uma máquina de golos» que «tem mais desejo hoje do que tinha no início da carreira».

«É o mais dedicado de todos. Pode não ser o mais talentoso. O talento não é a primeira virtude que nos vem à cabeça quando falamos dele, mas é a dedicação que faz dele aquilo que ele é. É a principal virtude dele», resume.

Scolari recordou também o convite para orientar a seleção inglesa, que recebeu em 2006, mas que recusou.

«Tivemos uma boa conversa. Estava praticamente tudo acertado para eu assumir o cargo após o Mundial, mas queriam que eu aceitasse antes, e eu não o podia fazer. Fiz ver que Portugal podia defrontar a Inglaterra, e não seria ético da minha parte treinar uma seleção e ter um acordo com a outra. Seria muito mau. Toda a gente me pergunta porque não aceitei, mas respondo sempre que ser verdadeiro e respeitar a ética é sempre a melhor opção. Olho para trás e penso que foi a melhor opção. Acabámos por defrontar a Inglaterra no Mundial e ganhámos», recorda.

A propósito do Mundial de Clubes, Luiz Felipe Scolari desejou uma conquista do Palmeiras, entre elogios a Abel Ferreira.

«Conheço-o há muito tempo: é uma pessoa muito direta e muito trabalhadora. Foi um bom jogador, muito determinado e respeitado. Estuda muito, tem as suas ideias e consegue que os jogadores as abracem. É isso que pode fazer a diferença no Mundial de Clubes. É muito difícil ganhar duas vezes a Libertadores. Acredito que o Palmeiras pode chegar à final e conseguir o título que nos escapou em 1999, contra o Manchester United», referiu.