Paulo Pereira Cristóvão renunciou ao cargo de vice-presidente do Sporting quinze meses depois de ter iniciado funções e dois meses depois de ter suspendido o mandato na sequência do «caso Cardinal». Num comunicado lido no auditório Artur Agostinho, no Estádio de Alvalade, sem direito a perguntas, o dirigente reafirmou a sua inocência, mas diz que sai «pelos interesses superiores do clube».

«A inocência é algo que ninguém me pode tirar. Apresento-me aqui perante vós com a tranquilidade de quem deu tudo ao que tinha ao clube do coração. Por isso é com grande mágoa que deixo de representar o Sporting», destacou o dirigente.

Paulo Pereira Cristóvão já tinha suspendido o mandato há dois meses, mas acabou por reassumir o cargo para terminar «pequenas obras» que tinha deixado por concluir. As obras incluíam a substituição do fosso por uma nova bancada e a pintura dos quatro mastros amarelos que rodeavam o estádio. Esta última obra (como se pode ver na fotografia ao lado) ficou por concluir, uma vez que foram pintados apenas três mastros e meio.

«Há dois meses fui constituído arguido no âmbito do inacreditável processo Cardinal. Nesse mesmo dia suspendi as funções de vice-presidente do Sporting por algumas horas, até constatar a impossibilidade estatutária de tal figura. Sem nunca perder o interesse superior do clube, impus-me o exato timing de dois meses de forma a que pudesse concluir, ou pelo menos deixar encaminhado, um conjunto de obras e melhoramentos», explicou esta terça-feira.

Segundo o dirigente, só ele próprio podia concluir as referidas obras, uma vez que estas foram contratualizadas «sob condições especiais», com «permutas e parcerias» que permitiram que o «nada tivesse de despender».

No final do comunicado, o dirigente emocionou-se nas palavras de despedida dirigidas aos funcionários do Sporting. «Fizemos omeletas quando nem ovos tínhamos. Foram 15 meses de adrenalina pura e nem por um minuto me arrependo do que vivi aqui», referiu.

Paulo Pereira Cristóvão foi constituído arguido no chamado «caso Cardinal» em que é acusado, pela Polícia Judiciária, de ter concebido uma «armadilha» ao árbitro assistente, com o depósito de dois mil euros na sua conta a dois dias do jogo entre Sporting e Marítimo, relativo aos quartos de final da Taça de Portugal.

[artigo original: 20h11]