É uma crónica de futebol – está no sítio certo - mas podia ser sobre polo aquático. 

O mau tempo não deu tréguas e tornou-se quase impossível jogar futebol, especialmente no segundo tempo. Os jogadores levantaram a bola a cada passe, não conseguiram conduzi-la. Enfim, correram, saltaram, criaram três oportunidades e os 40 minutos passaram.
 

Len-ta-men-te. 

Ainda assim, o FC Porto saiu incólume à tempestade «Elsa», carimbou um lugar nos quartos de final da Taça de Portugal e Conceição manteve um registo impressionante: apenas uma derrota desde que chegou ao clube, embora nunca tenha conquistado esta prova.

 

O relvado do Dragão aos 60 minutos de jogo

Caro leitor, permita-me contar-lhe sobre a parte em que se jogou, de facto, à bola. A nova versão do FC Porto de Conceição é de aplaudir pela forma como joga ou tenta jogar: passes ligados desde a área, vários homens por dentro do bloco contrário e laterais profundos. A segunda grande oportunidade do jogo é sintomática: Diogo Leite (rendeu Marcano) encontrou Nakajima entrelinhas e fez um passe a rasgar para Zé Luís que permitiu a defesa a André Ferreira (19m).

«Ao que diz três palavrões a cada quatro palavras, dizemos que o percebemos facilmente. E como entendemos o que diz, validamos isso. Por outro lado, não compreendemos outro que não o faça e por isso, achámos a sua proposta como inválida. Intelectualmente não a conseguimos perceber.»

A ideia defendida por Junma Lillo ajusta-se à nova ideia do técnico portista. Ao mesmo tempo, os azuis e brancos não deixam de ser fortes nas bolas paradas. Foi assim, por exemplo, que Zé Luís e Pepe fizeram levantar das cadeiras os cerca de dez mil espetadores que estavam no Dragão (5m e 8m).

FICHA E FILME DE JOGO

O Santa Clara, diga-se, apresentou-se muito desligado na partida no primeiro tempo. Há mérito do adversário, obviamente, mas pedia-se mais à equipa de João Henriques. Os açorianos limitavam-se a procurar passes longos para Schettine e só conseguiram invadir o meio-campo contrário com a bola controlada depois da meia-hora. Ainda que tenha criado perigo por Chico Ramos – Diogo Costa fez a defesa da noite -, exigia-se mais a uma equipa que pretendia «limpar a sua imagem».

O problema é que os insulares já perdiam por um golo de diferença por culpa de um sempre-em-pé chamado Nakajima. O nipónico surgiu na pequena a área a desviar um cruzamento de Corona da direita e estreou-se a marcar pelos dragões. Os jogadores do Santa Clara ficaram a pedir falta do mexicano sobre Candé, mas Fábio Veríssimo e o VAR validaram o lance (29m).

A avalanche ofensiva do FC Porto continuou e valeu André Ferreira a manter o desfecho da partida incerto para a segunda metade. O guarda-redes formado no Benfica travou um pontapé cruzado de Corona (31m) e viu o remate de Otávio rasar o seu poste direito (32m).

Não se jogou futebol na segunda parte, o que torna a história do jogo fácil de contar. Entre faltas, quedas, pontapés quase sem nexo, houve um cabeceamento de Pepe que César impediu que acabasse no fundo da baliza de André Ferreira (62m) e um livre perigosíssimo de Telles que rasou a baliza (64m).

O Santa Clara agarrou-se com unhas e dentes à possibilidade de empatar a partida e teve dez minutos positivos. Podia, inclusive, ter empatado se Bruno Lamas não tivesse acertado na bancada quando estava só no coração da área (70m).

As vitórias, mesmo no meio de uma tempestade, solidificam a mudança do FC Porto e o futebol da equipa irá facilitar a compreensão dessa mesma renovação de Conceição. É o que Juanma Lillo pretende que compreendam, aliás.