Este texto de José Barbosa e Tiago Maia é publicado na «Maisfutebol Total» ao abrigo de uma parceria com a revista digital «Dividida», um novo projeto editorial sobre futebol coordenado por Pedro Marques (contacto: pedro.marques@dividida.pt), responsável pela análise da equipa principal do Manchester City.

"A carreira da maioria dos jogadores de futebol começa muitos anos antes de chegarem ao patamar profissional - quase todos referem um longo caminho de formação, aventuras e desventuras, de aprendizagens livres (rua) e estruturadas (clubes) que culminaram ou não com o realizar do sonho que apostamos muitos dos que nos lêem um dia tiveram. Uma das fases críticas deste processo é a transição e o aproveitamento dos jogadores jovens para o futebol profissional. 

Assim, analisámos as etapas entre o 1o ano de sénior e a época 2013-14 para as gerações de jogadores nascidos de 1988 até 1994. Registámos os clubes e níveis competitivos dos jogadores de SL Benfica, FC Porto e Sporting CP que integraram o plantel de Juniores destes clubes no seu 2o ano no escalão, num total de 278 jogadores.

A 2a Liga portuguesa é o nível competitivo em que SLB, SCP e FCP atualmente apostam mais para a integração profissional dos seus jovens jogadores. Nas últimas 7 gerações, esta competição foi ganhando progressivamente relevância em detrimento da aposta inicial nas competições não profissionais. Percebemos que na 2a liga os jovens conseguem ter bons volumes de utilização, o que nem sempre acontece na 1a liga (Portugal ou estrangeiro). Isto justifica esta aposta!

Há uma tendência para o número de jogadores a competir na 1a Liga aumentar dentro de cada uma das gerações. A mesma tendência é visível nos jogadores que competem no estrangeiro na 1a divisão. Isto pode ser reflexo de melhores processos de Formação e integração profissional, mas também das maiores limitações económicas sentidas pelos clubes atualmente. 

Reconhece-se o papel dos «3 grandes» para a formação de jogadores a nível nacional: em conjunto estes clubes fazem chegar 1/3 dos seus jogadores formados às 1a Ligas (Portugal e estrangeiro). No entanto, os outros 66% acabam a jogar em níveis competitivos mais baixos ou a seguir outras carreiras demonstrando que o alcançar de um patamar de topo não é uma meta fácil e direta."