Não será uma repetição de 1969, mas não vão faltar capas e batinas nas bancadas do Jamor. E também cartazes. Muitos cartazes. Que, desta feita, vão poder ser exibidos desde o início do jogo, sem temores, sem receio de perseguições. Os protestos contra o regime opressor que tornaram histórica a última presença da Académica na final da Taça de Portugal dão agora lugar a outras lutas.

«O objetivo não é recriar a última final. O momento e as causas são diferentes. Não foi nisso que nos baseámos, mas teremos uma postura fiel à matriz da Associação Académica. Será algo original, não uma cópia», conta ao Maisfutebol Ricardo Morgado, presidente da Direção Geral da Associação Académica de Coimbra

«Vamos aproveitar a visibilidade para fazer jus àquilo que diferencia a Académica, que é muito mais do que uma equipa de futebol, dos outros clubes. De uma forma bastante irreverente e reivindicativa, queremos expor as nossas causas, que passam pelo financiamento do ensino superior, o desemprego, as desigualdades, e o futuro do país no geral», complementa.

Cerca de 400 estudantes partem diretamente de Coimbra em grupo este domingo para a final com o Sporting, trajados a rigor, mas serão muitos mais nas bancadas, além de familiares e amigos. «Queremos fazer deste jogo um encontro de gerações. Mostrar por que razão a Académica salta fronteiras, é reconhecida internacionalmente, em suma por que razão é umas das grandes instituições de Portugal», promete o dirigente.

«A festa organiza-se por si só»

A esperança é enorme e no que depender do apoio dos estudantes, a Briosa vai trazer a Taça na viagem de regresso a casa. «Espero que a Académica ganhe a Taça. Aliás, tenho uma profunda convicção que isso vai acontecer. Sem menosprezar o Sporting, uma equipa com outra capacidade financeira, mas uma final é uma final. Será o jogo da vida para muitos jogadores da Académica. Não há favoritos», garante Ricardo Morgado.

Se a Académica ganhar, como está bom de ver, a comemoração será de arromba. «A festa organiza-se por si. Coimbra inteira estará em festa. Acredito que domingo será um dia memorável e histórico para a cidade.» Para já, para dar sorte, o líder estudantil fez questão que os capitães de equipa lhe rasgassem a capa à saída para Lisboa, à boa maneira coimbrã.