A FIGURA: GONÇALO RAMOS

Com o novo selecionador nacional Roberto Martínez a assistir ao jogo num camarote, o «pistoleiro» da Luz mostrou que tem condições para continuar a ser a primeira opção para o eixo do ataque da equipa das quinas. No primeiro golo ganhou a frente a Gonçalo Inácio e no segundo foi mais lesto do que Matheus Reis. Ameaçou o golo em pelo menos mais duas ocasiões: uma na primeira parte, num remate de pé esquerdo; outra num cabeceamento na etapa complementar. Não se deixou engolir pelo trio defensivo leonino e ganhou-lhes inúmeras batalhas.

 

O MOMENTO: penálti de António Silva. MINUTO 48

O momento parecia estar do lado do Benfica, mas uma má abordagem de António Silva voltou a abrir caminho para nova vantagem do Sporting. As águias voltaram a chegar ao empate mas, apesar do ascendente sobre o adversário, não conseguiram o ambicionado golo que lhes permitiria sair do dérbi por cima.

 

OUTROS DESTAQUES

Enzo Fernández: regressou à Luz pela primeira vez após a «novela» na passagem de ano e no momento em que mostrou a medalha de campeão do Mundo, os adeptos mostraram-lhe que não guardam rancor. No campo, o argentino teve momentos em que se aproximou da sua melhor versão. Aos 20 minutos criou a primeira grande ocasião de golo das águias com um grande passe para João Mário e os dois golos de Gonçalo Ramos passaram por ele. Percebeu-se cedo que sempre que o Benfica acelerava, o Sporting sofria para acompanhar. E aí a capacidade de Enzo para soltar rapidamente a bola ou descobrir um companheiro desmarcado fez várias vezes a diferença.

Rafa: na primeira parte Ugarte deu-lhe pouco espaço nas costas e além disso a bola não lhe chegou com a regularidade que lhe permitiria rodar e disparar de frente para os defesas leoninos. Ainda assim, foi aparecendo a espaços e quando aparecia levava com ele problemas. Esteve perto de inaugurar o marcador aos 21 minutos, mas aí Adán levou a melhor sobre ele, e assistiu Gonçalo Ramos para o primeiro golo do Benfica. Na segunda parte, sobretudo nos últimos 20/25 minutos, Rafa tentou viver no espaço cada vez mais reduzido entre o meio-campo e a defesa do Sporting. Arrancou dois livres perigosos e saiu nos minutos finais.

Florentino: fez um jogo de menos a mais. Um mau passe nos minutos iniciais obrigou Otamendi a fazer falta para amarelo. Procurou, como é seu apanágio, ganhar muitas bolas em antecipação, mas sobretudo na primeira parte não foi particularmente feliz. Cresceu muito na segunda parte: ganhou bolas atrás de bolas no meio-campo ofensivo e foi um dos principais responsáveis pela pressão que chegou a ser asfixiante na segunda parte.

Otamendi: viu um cartão amarelo logo aos 5 minutos, mas não pareceu ter ficado limitado por isso. Continuou a ser impositivo nos duelos, alguns deles disputados no limite. Esteve mais estável do que António Silva.

António Silva: o 1-1 de Gonçalo Ramos nasce de uma investida do defesa de 19 anos, que ganhou divididas e foi por ali fora, criando um desequilíbrio pelo corredor central. Oscilou muito ao longo do jogo e aquele momento em que falha um atraso de cabeça para Vlachodimos e dobra-se a ele próprio quando Trincão já estava a premir o gatilho para o remate é o resumo do jogo dele num só lance. A hesitação na abordagem a uma bola no início da segunda parte custou-lhe um penálti sobre Paulinho.

Neres: já estava preparado para entrar no jogo quando o Benfica fez o 2-2. Seria expectável que desequilibrasse na meia-hora final com o seu virtuosismo, mas quase nunca se superiorizou aos adversários.