O francês Sébastien Ogier (Ford Fiesta) conquistou neste domino o sexto título mundial de ralis consecutivo, tornando-se o segundo piloto mais vitorioso na disciplina, apenas atrás do compatriota Sébastien Loeb.

É preciso recuar a 2003, quando Petter Solberg conquistou o título pela Subaru para encontrar um campeão que não fosse francês ou se quer se chamasse Sébastien.

Cada vez mais longe da sombra do compatriota como frisa a Lusa neste perfil, Ogier distingue-se pelo trato fácil e simpatia, igualando os dotes na condução. Casado com uma apresentadora alemã de televisão, com quem tem um filho de dois anos, o francês de 34 anos tem na família um importante suporte.

O amor pela competição começou a ver os troços do rali de Monte Carlo, que passam literalmente à porta de casa, em Gap, França. Trabalhou como mecânico e instrutor de esqui antes de ver as portas dos ralis abrirem-se numa formação de preparação de carros de competição.

Como a equipa para a qual trabalhava já participava no Rally Jeunes, prova de captação de talentos, um dia decidiu inscrever-se. Foi quanto bastou para começar a fazer história.

Daí ao Mundial de Juniores foi um passo, que o fez aterrar na Citroën Junior Team em 2009.

Alcançou a primeira vitória, no ano seguinte, precisamente, em Portugal, causando espanto por ter batido o então incontestado Loeb. O triunfo no Algarve levou os responsáveis da Citroën a colocarem um carro oficial nas mãos do seu jovem pupilo na segunda metade do campeonato de 2010 e Ogier não desiludiu tendo vencido no Japão e terminado em segundo lugar no difícil Rali da Finlândia.

Em 2011, venceu cinco provas, reeditando o sucesso em Portugal, mas terminou o Mundial no terceiro lugar. A convivência com Loeb não foi pacífica e Ogier deixou a Citroën no fim da temporada, por considerar que nunca poderia ser campeão enquanto o compatriota estivesse na equipa.

Ogier apostou na Volkswagen e no desenvolvimento do Polo R WRC, que apenas faria a estreia oficial na época seguinte, o que o levou a participar no campeonato de 2012 ao volante de um pouco competitivo Skoda Fabia S2000, tendo como melhor resultado um quinto lugar, em Itália.

A entrada da Volkswagen no Mundial de Ralis, em 2013, não poderia ter sido mais triunfante, com Ogier a vencer nove das 13 provas beneficiando do facto de Loeb ter participado apenas em 'part time' – ainda assim impondo-se em dois dos quatro ralis que disputou.

Ogier e a Volkswagen prolongaram o sucesso nos três anos seguintes, em 2014, 2015 e 2016, até que o surpreendente abandono da competição por parte da marca alemã levou o francês a procurar uma nova 'casa', optando pela M-Sport, sempre com o compatriota Julien Ingrassia como copiloto do Ford Fiesta.

Mudou de equipa, mas não mudou o hábito de ganhar. Voltou a vencer em 2017 e neste ano. O quinto lugar obtido neste domingo no Rali da Austrália, permitiu a Ogier assegurar a conquista do título de 2018, o mais suado da sua carreira e único decidido na derradeira jornada.

Ao volante de um Fiesta WRC, Ogier nunca tinha sofrido tanto para conquistar o título, sexto consecutivo, que o deixa a apenas três do recorde de Loeb (9). Agora segue-se nova etapa, com o regresso à Citroën onde poderá reencontrar Loeb.

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