DESTINO: 80's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 80's. 
 
DINO FURACÃO: Nacional (1987 a 1990); Beira-Mar (1990 a 1994); V. Setúbal (1994/95); Desp. Chaves (1995/96)

 
O melhor comprovativo de qualidade que qualquer jogador pode receber é ser recordado, em Portugal, mesmo sem ter jogado num dos grandes. Dino Furacão é um exemplo disso mesmo, depois de nove épocas divididas por quatro clubes (Nacional, Beira-Mar, V. Setúbal e Desp. Chaves).
 
Mas a verdade é que tudo poderia ter sido diferente se o Nacional tivesse outra flexibilidade a negociar. Depois de se destacar na II Liga logo no primeiro ano e confirmar credenciais no escalão maior, Dino foi cobiçado. Incluindo por grandes.
 
É o próprio que conta a história ao Maisfutebol. «Houve interesse do Sporting depois do meu primeiro ano pelo Nacional na Liga. Acho que o Nacional teve mais propostas, até, e poderia, se calhar ter negociado», comenta.
 
«Fiquei um pouco chateado, poderia ter saído, tentado outras coisas, mas o clube não quis e continuei a ser profissional como sempre», garantiu.

Aliás, o Sporting nem foi o único grande a observar Dino. «Passei um dia inteiro na Madeira com um candidato à presidência do Benfica, também, que me queria levar para lá. E o V. Setúbal, que era um clube grande na altura, chegou a assediar-me. Instalaram-se no mesmo hotel que nós e queriam que eu assinasse, mas não pude porque não era ético nem legal, porque tinha mais um ano de contrato com o Nacional», explicou.
 
Ainda assim, apesar de não ter alcançado voos mais altos, não guarda mágoas e tem uma certeza: «Nada ficou por fazer em Portugal.»

 
«Joguei, estudei, fiz dois cursos de treinador, aperfeiçoei o meu inglês, cumpri sempre os meus compromissos. Tive uma filha madeirense, fiz muitas amizades. No meu Facebook tenho mais de 200 amigos de Portugal. Foi uma passagem muito boa da minha vida», resume.
 
«Quem tem medo de pancada que faça ballet»
 
Ainda do tempo em Portugal, Dino Furacão recorda com carinho a participação num jogo de solidariedade aquando do incêndio no Chiado, em Lisboa. «Foi entre a seleção portuguesa e uma seleção de brasileiros que jogavam em Portugal. Mas era quase a seleção do Brasil! Valdo, Silas, Mozer, Ricardo…Foi muito bom», recorda.
 
«Joguei com e contra excelentes jogadores. Sousa, o nosso capitão no Beira-Mar. Também o Figo, Petrov o búlgaro, que era um craque. Muita gente mesmo», acrescenta.
 
E ainda no campo de colegas e adversários, Dino comenta os defesas mais duros que apanhou. Uma lista com vários nomes, mas uma garantia: «Tudo dentro do respeito.»
 
«Apanhei alguns como o Fernando Couto, Mozer, Ricardo Gomes, Aloísio. Havia o Vasco, do Penafiel, que usava muito a força. O Dinis que jogou comigo no Beira-Mar, também», enumera.
 
Mas, para fim de conversa, deixa uma garantia: «Nunca tive medo. Como se costumava dizer: quem tem medo de pancada que faça ballet.»