A contaminação por infetado de covid-19 aumentou em Portugal, segundo revelou a ministra da Saúde na conferência de imprensa conjunta com a DGS.

De acordo com Marta Temido, o Rt (número básico de reprodução efetivo) em Portugal situa-se em 1,04 no período entre 16 e 20 de abril, o último com este tipo de dados disponível, o que corresponde a uma subida em relação aos 0,95 da última comunicação destes dados.

Ou seja, neste momento cada infetado contagia sensivelmente outra pessoa, sendo que noutros países o número apontado para que haja algum desconfinamento com relativa segurança seja um Rt de 0,7.

«O máximo da incidência da infeção já terá ocorrido entre 23 e 25 de março. O número médio de casos secundários está um pouco acima de 1 [...] Olhando para o período de 16 a 20 de abril o risco de transmissão subiu um bocadinho em algumas regiões. A última vez situava-se nos 0,95 no valor médio. Hoje situa-se nos 1,04, sendo 0,9 no Norte, 1 no Centro e 1,2 em Lisboa e Vale do Tejo», revelou a Marta Temido na conferência de imprensa deste domingo.

«Sendo o valor RT de cerca de 1 isso significa que cada pessoa contamina apenas outra. Já percebemos pela curva que, apesar de os dados serem ligeiramente descendentes, continuamos a ter novos casos todos os dias. Vamos tender a abrandar estes indicadores mas não será uma redução para 0. Haverá um período interondas, prevê-se que a uma onda se possa suceder outra. Não se sabe quantas até haver uma vacina ou tratamento», acrescentou a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, com a ministra da Saúde a sublinhar: «Temos de nos habituar a viver com a doença até que um tratamento eficaz seja encontrado.»

Marta Temido revelou também dados sobre o tipo de transmissão numa amostra de 2958 casos confirmados, entre 18 e 24 de abril: «44 por cento tinham informação sobre tipo de transmissão e o local de coabitação continua o principal contexto de transmissão, com 30 por cento. Isto mostra-nos que, quem está em casa infetado, precisa de ter cuidados especiais.»

Na referida amostra, 25 por cento dos casos estiveram associados a «situações de surto»: transmissão em lares, hostels e numa empresa e em apenas em 9 por cento dos casos houve «transmissão social», nomeadamente em contacto com amigos.

Sobre uma possível identificação por telemóvel de casos suspeitos, Marta Temido deixou para depois explicações mais detalhadas. «Todas as formas de acompanhamento estão a ser pensadas e planeadas. Algumas dependem de mecanismos que não estão disponíveis no nosso país», afirmou a ministra da Saúde.