Coimbra não será de boas memórias para Vítor Pereira. É verdade que o jovem técnico ganhou nesta cidade por 3-0 na época passada para a Liga, mas, um mês depois, o regresso correu mal. Muito mal. A Académica devolveu a «cortesia», na mesma moeda, eliminando os portistas no caminho para o Jamor. É o primeiro retorno ao local maldito.

«Foi aquele jogo que nos embalou para a final», começa por dizer ao Maisfutebol Diogo Valente, atualmente no Cluj, e autor da última farpa no dorso do Dragão nessa noite de Novembro. A Briosa não vencia o F.C. Porto em casa fazia 41 anos. Os azuis e brancos não perdiam por três bolas havia ano e meio.

«Encontrar uma equipa tão forte, numa fase tão inicial da prova [16-avos de final], sabíamos que ia ser muito difícil, mas conseguimos ganhar e foi isso que nos mostrou que íamos fazer história nessa época», prossegue, em tom revivalista. Desaire mais pesado para os portistas só a eliminação da Liga Europa, em Manchester, três meses volvidos: 4-0.

Há semelhanças este ano? Diogo Valente acha que sim. «O contexto é bastante parecido. Lembro-me na altura que o Porto não tinha aquela chama a que nos habituou e agora vem da eliminação da Champs e de um empate com o Marítimo que o atrasou ainda mais na luta pelo título. A história pode repetir-se.»

O jogo foi daqueles em que tudo correu bem aos estudantes na proporção inversa para o adversário. «Entrámos muito bem e recordo-me que o Porto nem fez um remate à nossa baliza na primeira parte. Não criávamos grandes oportunidades, mas fomos para cima deles, e marcámos o primeiro, que nos deu mais tranquilidade», relembrou.

«Sabíamos que a perder, eles iriam abrir e aproveitámos os espaços para dilatar a vantagem. Foi uma daquelas vitórias limpinhas, sem qualquer margem para dúvidas. Pode ser que agora, caso empate, ou até ganhe, a Académica consiga motivar-se para os últimos e decisivos encontros. Bem precisam», completou.

Sem explicações para o que se passa

O brilharete da Académica aconteceu na fase da época em que a equipa ainda mostrava a melhor fase, porque, pouco depois, a espiral de maus resultados, com exceção, justamente, da Taça de Portugal, assolou a equipa das margens do Mondego. Foram 16 jogos consecutivos para a Liga sem ganhar.

«Ainda hoje não sei o que aconteceu. Foi estranho», recupera, ainda incrédulo, o esquerdino. O pior é que o momento atual dos estudantes cheira a déjà vu. «Continuo a falar com a malta e também não têm explicação. Este ano parece é haver mais problemas por causa de lesões e castigos, não dá para repetir a equipa», constata.

«O que falta é uma grande vitória e pode acontecer agora com o F.C. Porto. Era muito bom, ajudaria a relançar a Académica, a motivar e elevar os níveis de confiança. O plantel tem qualidade, já o demonstrou anteriormente, e sei que é só mesmo os resultados que faltam, porque é um clube que sempre cumpriu as suas obrigações», afiança.