Manuel dos Santos chegou ao Benfica com 29 anos, por isso, não é de espantar que, depois de ter saído em Janeiro de 2006, o Maisfutebol e a «TVI» o tenham encontrado reformado. Ainda joga «por brincadeira», no Rapid Menton, e está a tirar o curso de treinador, em Montpellier - «é perto daqui, a 150 kms, por isso vim ter convosco» - para um dia, quem sabe, poder ser como o homem «gentil» que o conduziu ao título português: Giovanni Trapattoni. Em França, o esquerdino falou de Drogba e, se possível, gostava de ver Michel Bastos no Benfica.
«O meu passado no Benfica foi muito bom, fomos campeões, fiz amizade com Luisão, Geovanni, Nuno Gomes, Simão, etc, é uma parte da minha vida que fica gravada», declara. «Foi um momento alto na carreira, até porque já conhecia o Benfica, em Cabo Verde só se fala no Benfica, por isso, jogar lá era bom, ser campeão foi maravilhoso», adiciona.
«Em Marselha nem se pode passear»
O título chegou sob comando de um «velho» italiano. «Passei um ano com Trapattoni, como homem era uma pessoa agradável e gentil, como treinador duro e exigente», conta, a sorrir. «Mas essa exigência levou-nos ao título», interrompe Dos Santos, para logo voltar ao treinador: «Fora do treino era acessível, falava com ele de tudo, sobre futebol ou outra qualquer coisa da vida.»
Numa viagem à última Liga conquistada, Dos Santos admite que a equipa encarnada não encantava. «O F.C. Porto não fez um grande campeonato, mas nós concentrámo-nos nos nossos jogos. Em certos momentos, o Benfica não jogou muito bem, mas no final, o que fica marcado na história é que foi o Benfica quem foi campeão e só isso é que importa», atira, orgulhoso do feito.
Por que é que Mourinho quis Drogba
Em 2004/05, as rolhas de champanhe saltaram das garrafas, como recorda Dos Santos. «O momento mais agradável foi a hora de chegar à Luz, não esperava que o estádio estivesse cheio. Foi um momento fortíssimo, para além do apito final no jogo com o Boavista. Aí, libertámos todo o stress do ano e sentimos a alegria dos adeptos», afirma, confessando tristeza por não ter festejado no balneário, uma vez que foi ao controlo antidoping.
O Maisfutebol/TVI quis saber como chegou Dos Santos nesse ano ao Benfica. E o antigo defesa explicou: «Na altura conheci um primo de José Veiga, que lhe deu o meu número. Falei com o Veiga e foi ele quem me convenceu. Já levava quatro anos de Marselha e estava com 29 de idade. Eu queria jogar no estrangeiro. Mas até ao dia em que falei com Veiga, não pensava jogar no Benfica ou Portugal. Na verdade, quando comecei a falar com ele, passados dois minutos percebi que podia ser muito bom para mim.»
Dos Santos crê que o antigo director-desportivo foi importante na conquista do campeonato «porque falava com os jogadores e resolvia tudo o que havia à volta, inclusive, respondia ao presidente do F.C. Porto, o Pinto da costa», disse.
Ora, chegado ao Benfica, o esquerdino deixara para trás o Marselha, tal como Drogba, que assinava por um «very special» Chelsea. «O Didier era grande, grande jogador. Não tenho dúvidas de que o Mourinho o quis quando o viu ao vivo. Jogámos pelo Marselha contra o F.C. Porto e o Drogba passou pelo meio do Ricardo Carvalho e Jorge Costa, usando o corpo. O Mourinho aí deve ter pensado: ¿tenho de ter este jogador¿.»
Então e, nessa medida, que futebolista devia ter o Benfica para a lateral-esquerda? «Há cá um bom que já passou em Portugal (risos, lembrando Cyssokho), mas creio que o Michel Bastos, também do Lyon, podia ter sucesso. Quanto ao Cyssokho, é um bom lateral, mas temos de ver, é preciso fazer quatro ou cinco anos em bom nível», concluiu Dos Santos, antes de fazer os 150 quilómetros de regresso.