O aviso deve ser levado a sério: «Portugal vai ter um jogo muito, muito complicado na Noruega.»

As palavras são de Nuno Marques, um dos dois portugueses a jogar no país escandinavo. Formado no Benfica e no U. Tomar, o guarda-redes está há sete anos no norte da Europa e conhece como ninguém o próximo adversário da Selecção Nacional.

Nuno Marques: os blues, um curso superior, a felicidade

«Sei que vão jogar sobre a defesa e a tentar aproveitar o contra-ataque. A Noruega deve actuar num típico 4x5x1, com o John Carew sozinho na frente. Portugal tem de ter muito cuidado com os lances de bola parada e com os lançamentos de linha lateral. São verdadeiros pontapés de canto», afirma o atleta do Notodden FK.

Os sinais de alarme surgem também no feminino. Edite Fernandes está no FK Donn desde o início do ano. «Mal acordei no sábado fui bombardeada com comentários sobre o empate frente ao Chipre. Na Noruega ninguém esperava uma coisa assim. O entusiasmo aumentou e o estádio vai encher. Eles têm um futebol essencialmente físico e de muita entreajuda.»

«Para eles o que se passa com Queiroz é incompreensível»

Nuno Marques e Edite Fernandes vão estar terça-feira no Ullevaal Stadium. E vão preparados para enfrentar o paradoxo. «O ambiente nos estádios não tem nada a ver com aquilo que vemos no dia-a-dia. As pessoas são mais frias, mais distantes, como se costuma dizer, mas vivem o desporto com uma paixão avassaladora», explica o guarda-redes.

Edite alinha pelo mesmo diapasão. «A lotação já está esgotada. Eles sabem que o Cristiano Ronaldo não vem e que tem havido muita confusão em redor do Carlos Queiroz. Para eles isso é algo incompreensível e só pretendem aproveitar essa suposta vantagem.»

Crença. Essa é a palavra mais ouvida na Noruega ao longo dos últimos dias. O empate frente ao Chipre, os problemas disciplinares, a lesão de Coentrão¿ enfim, tudo serve para motivar os guerreiros vikings.

«A Noruega venceu na Islândia e está a apostar tudo nesta fase de qualificação», observa Nuno Marques.

O perigo pode vir de quatro desconhecidos

A selecção da Noruega atravessa um processo de rejuvenescimento. As caras novas surgem a cada partida, sempre com o propósito do reencontro com o caminho do sucesso. A geração dourada de Tore Andre Flo e Ole Gunnar Solskjaer já lá vai e a última presença numa fase final de uma grande competição teve lugar em 2000.

Nuno Marques garante haver valor neste novo conjunto e destaca mesmo alguns dos nomes menos conhecidos.

«Além do Carew e do John Arne Riise, que toda a gente conhece, é preciso ter em atenção mais quatro atletas: o Brede Hengeland, defesa central que joga no Fulham (Inglaterra); o Morten Pedersen, médio do Blackburn (Inglaterra); o Mohammed Abdellaoue, atacante do Hannover (Alemanha) e o Erik Huseklepp, avançado do Brann. Este último tem um estilo esquisito, desengonçado, mas é um perigo.»

Nuno Marques em acção pelo Notodden:



Edite Fernandes com a camisola da Selecção Nacional: