Edinho encontrou a felicidade na Turquia, e no Erciyesspor. Depois de fazer 14 golos em meia época (e apenas 11 jogos) na liga passada, o avançado leva sete golos esta temporada. É o oitavo melhor marcador local, só atrás de grandes nomes: Fernandão, Cardozo, Demba Ba, Burak Yilmaz, Gekas e Senturk.
 
Enquanto cumpre uma suspensão de quatro jogos, o avançado falou com o Maisfutebol, contou que cresceu nas últimas três épocas com ensinamentos de dois craques do futebol mundial e admitiu que já esteve perto de todos os três grandes.

 
Um castigo de quatro jogos é muito pesado...
Não contesto a expulsão, mas o castigo a meu ver é exagerado. Estou à espera que esta quinta-feira me reduzam a suspensão para dois jogos. Estou otimista, agora vamos ver.
 
Consideraram que foi uma agressão, não é?
Uma agressão grave.
 
E foi?
Não. Eles esqueceram-se que quando estava no chão também fui agredido. O adversário pisou-me e eu respondi: até para o afastar e me defender, empurrei-o com o pé.
 
E isso pode condicionar o bom momento que atravessava?
De maneira alguma. Atrasou um pouco os meus planos, travou a boa sequência de quatro jogos a marcar que consegui, mas espero continuar num bom momento quando regressar.
 
Esta vai ser a melhor época da sua carreira?
Acredito que sim, acredito que sim. Tenho-me sentido muito bem, as coisas têm-me saído na perfeição e acredito que vou atingir a melhor marca de golos da carreira.
 
É curioso que o faça numa equipa que está em lugares de descida.
Exatamente.
 
Uma equipa que deve chegar menos vezes à baliza adversária...
Exato. Mas tenho tido a felicidade de estar no sítio certo. Tive colegas, e grandes craques do futebol, como o Van Nistelrooy e o Rivaldo, por exemplo, que me ensinaram os segredos para fazer golos. Por isso nas últimas épocas tenho aproveitado o que eles me ensinaram e o que é facto é que os golos têm acontecido com mais frequência.
 
Com o Van Nistelrooy esteve no Málaga, não é?
Sim, e com o Rivaldo na Grécia, no AEK Atenas.
 
Aprendeu muito com eles?
Aprendi muito, muito. Falava muito com o Rivaldo, debatíamos qual era a forma mais vantajosa para mim de fugir às marcações, com o Ruud ficava várias vezes no final do treino a trabalhar a finalização, ele dava-me dicas do melhor posicionamento na área, o que devia fazer e como me podia movimentar.
 
Tornou-se um avançado melhor depois disso?
Claro, ter partilhado o balneário com esses craques ajudou-me muito e nas últimas três épocas fiz sempre mais golos. O que acho que tem a ver com essa aprendizagem.
 
Aos 32 anos ainda continua a aprender, portanto.

Procuro juntar tudo o que me dizem e colocá-lo em prática nos jogos. Apesar de estar numa equipa que não chega tantas vezes à baliza, faço os meus golos. Ainda outro dia alguns colegas me diziam: Fogo, tu és mesmo um rato da área. A gente não vai lá muitas vezes, mas todas as sobras tu estás no sítio certo. Costuma dizer que a minha zona é grande área e ali tenho de ser mortífero.


 
O ano passado fez 14 golos, este ano já vai em sete. O que é que a Turquia tem?
Aqui eu aproveito muito o facto dos laterais por norma serem muito ofensivos. Tento estar sempre nas costas do segundo central a aproveitar a falha do lateral que subiu. Tenho-me dado bem com isso e ganho com o facto dos alas me procurarem muitas vezes.
 
O Edinho mudou quinze vezes de clube na carreira: por que é que isso aconteceu?
Porque não sou pessoa de me acomodar. Por exemplo quando estava no Sp. Braga era fácil acomodar-me, estava no meu clube do coração, estava no meu país, na minha cidade, estava bem e era fácil ficar lá. Mas não estava a ter oportunidades. Eu não sou assim, quero ter objetivos e estar onde sinta que sou necessário.
 
Por isso decidiu viajar para a Turquia?
Muita gente me dizia para não vir, que era o último classificado, que não era clube para mim. Eu lembro-me que respondi: Quero ter o objetivo de ajudar uma equipa.
 
Atirou-se de cabeça?
Tinha boas referências do Hugo Almeida e do Manuel Fernandes, sabia da minha qualidade e que podia fazer história. Hoje em dia tenho cartel em qualquer equipa da Turquia e toda a gente me tem como um excelente avançado. Porquê? Porque fiz 14 golos em 11 jogos. É isso que procuro para a minha carreira.
 
Criar raízes num clube não é uma ambição sua, portanto?
Neste momento a minha ambição é ficar na Turquia, mas ir para outro clube. Um clube de maior dimensão. Identifiquei-me com este país, estou a adorar estar aqui e vejo a liga turca está em ascenção. No próximo ano vai ainda crescer mais com o alargamento do número de estrangeiros e por isso quero ficar aqui.
 
Por que nunca foi para um grande?
São situações que acontecem. Por exemplo antes de ir para o Sp. Braga estava a treinar no FC Porto B, as coisas estavam certas para ficar, mas o Jesualdo Ferreira tinha sido treinador do meu pai, tinha-o ajudado e era conhecido por ajudar os jovens, convenceu-me a ir para Braga. Na altura decidimos que era o melhor para mim...
 
Depois apareceu o Benfica.
Sim, foi na altura do V. Setúbal. O José António Camacho queria-me e estávamos a conversar, mas ele acabou por sair do Benfica e as coisas caíram por terra.
 
Mais recentemente falou-se do Sporting.
Sondaram-me quando terminei contrato com a Académica, disseram-me que contavam comigo, mas depois nunca mais diziam nada. Apareceu o Sp. Braga, que é o meu clube do coração. O presidente fez-me uma proposta e não fiquei à espera de ver o que ia acontecer. Nem pensei duas vezes e fui para o Sp. Braga.

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