Edivaldo marcou o golo do empate da Bolívia frente à Argentina de Leo Messi (1-1), na abertura da Copa América. Nasceu no Brasil mas agarrou-se às raízes bolivianas e surpreendeu os argentinos. Eis a história do avançado da Naval.

Edivaldo sobre a Argentina: «Pensavam que iam atropelar-nos»

Alguns dirão que foi um capricho de Aprígio Santos. Ele próprio, na altura da contratação, reconheceu ter perdido a cabeça. Afinal, um tal de Edivaldo Rojas Hermoza acabara de chegar à Naval, nesse Verão de 2008, como a aquisição mais cara da história do clube. Falou-se em 300 mil euros, curiosamente o valor que consta no seu contrato (tem mais uma época com os figueirenses) a título de cláusula de rescisão.

Jogador da Naval choca Argentina, Aguero salva a face

O percurso ao serviço do emblema navalista, até ao momento, foi modelar - três temporadas a rondar os 30 jogos, dois golos por ano, a regularidade de um relógio -, mas constou sempre nas primeiras opções, como médio ofensivo, segundo avançado, ou extremo. Comportamento de excelência, dentro e fora das quatro linhas, mas nada que o destacasse num plantel de gente humilde, trabalhadora, e pouco mediática... ou mediatizada.

Bolívia deixa cair alcunha em nome da selecção

Até que, um dia, resolveu aproveitar as origens bolivianas e tudo mudou. Começou a tratar da papelada, pediu para deixar de ser tratado por Bolívia, recuperou o primeiro nome, Edivaldo, esperou e quase desesperou. Felizmente, a mudança no comando técnico da selecção do país acelerou o processo. Apesar de ter tido mais contacto do Erwin Sanchez, foi Gustavo Quinteros que fez tudo para que «La Verde» pudesse contar com os seus préstimos na presente edição da Copa América.

Edivaldo corre contra o tempo para jogar pela Bolívia

Pelo meio, o avançado ainda conseguiu uma curta dispensa, para correr rumo ao Brasil e casar. Não foi fácil. As cinzas de um vulcão chileno meteram-se pelo meio e a noiva quase ficava sozinha no altar. O regresso à concentração da Bolívia também não foi menos atribulado. E a lua-de-mel ficou para mais tarde.

Edivaldo casou-se...mas não foi fácil

Valeu bem a pena ao seleccionador esperar. Edivaldo foi titular e comandou os companheiros no empate com a Argentina, anfitriã da prova. Abriu o marcador, cheio de estilo, com um toque de calcanhar que o coloca, para já, em posição de destaque no certame. O Bolívar já se mostrou interessado, mas o jogador prefere continuar na Europa e está em contacto com um clube da II Divisão de Espanha.

Até então, a presença da Bolívia na competição só havia sido notícia pela apreensão dos equipamentos na alfândega, e consequente generosidade dos seus emigrantes, que ofereceram roupas de inverno para que os jogadores pudessem suportar o frio argentino...