O economista António Borges considera que as boas empresas nacionais são discriminadas em prol das más, devido à conjuntura estrutural do País.

«Há uma discriminação, uma política conservadora do Estado que bloqueia os empresários que querem avançar», disse durante a conferência «Portugal em Exame-Caminhos Para Portugal», que decorreu esta quarta-feira no Centro de Congressos do Estoril.

O economista sublinhou que o sistema promove «mil e um esquemas de blindagem», entre outros recursos funcionais, que dificultam o bom funcionamento do mercado que deveria apontar para a eliminação das más empresas.

«Há todo um conjunto de factores de natureza estrutural que permitem às empresas más não só sobreviverem como prosperarem», acrescentou.

António Borges alertou igualmente para os receios que o Estado tem de vir a perder o controlo das empresas nacionais a estrangeiras: «Não se pode estar na Europa sem querer estar», disse.

Este «favorecimento», como caracterizou na referida conferência, está a gerar dificuldades na entrada de novos investidores.

Sobre a situação económica do País, o responsável disse ainda que «o nosso endividamento internacional se vai agravar nos próximos anos».

Justiça «é o problema número um do País»

No cenário que elaborou sobre as potencialidades de Portugal, António Borges elogiou os recursos humanos e revelou-se optimista quanto ao espírito empreendedor dos empresários nacionais. Contudo, o também professor universitário sublinhou que a justiça é o principal problema nacional e que cabe ao Estado «ser muitíssimo mais eficaz do que é».



«A justiça é um problema dramático. Quando as pessoas chegam à justiça é mesmo porque esgotaram as outras vias», disse.

António Borges realçou que falta ainda eficiência na forma como se gerem os gastos feitos em educação e saúde.