A poucos meses de completar 37 anos, chegou a vez de Albert Meyong Zé dizer basta. O avançado camaronês decidiu dar ouvidos ao corpo e pôr fim longa carreira e pôs fim a uma longa carreira ao serviço do clube que lhe abriu as portas em Portugal e que representou em três ocasiões: o V. Setúbal. Para trás ficam muitas recordações e alguns títulos coletivos e individuais.

Numa longa entrevista ao Maisfutebol, Meyong passou em revista o percurso de uma vida dedicada ao futebol. Desde os primeiros pontapés em Yaoundé, capital dos Camarões, no seio de uma família com mais 24 irmãos, passando pelo momento-chave em que foi recomendado pelo treinador do Benfica B ao V. Setúbal, a história incrível a seleção dos Camarões nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000.

O antigo jogador, que vai integrar a equipa técnica sadina na próxima temporada apesar de continuar a receber propostas de outros clubes para reconsiderar o adeus aos relvados, falou ainda sobre a relação especial que mantinha com Jorge Jesus, treinador que o orientou em três clubes, do Sp. Braga quase campeão em 2010 e explicou por que razão (ou razões) recusou o FC Porto em 2013 para ir jogar para Angola.

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Foi treinado por Jorge Jesus no V. Setúbal, no Belenenses e no Sp. Braga. O que é que o Meyong tinha que o levava a gostar tanto de si?

[risos] O que sei é que eu gostava muito de trabalhar com ele. É o treinador mais importante da minha carreira, o homem que me ensinou a maioria das coisas que sei. A verdade é que eu subia sempre de rendimento quando era treinado por ele. Lembro-me que treinávamos muito com ele aqui em Setúbal. Melhorei muito com ele, física e taticamente. Como eu já conhecia os movimentos que ele queria de um avançado, talvez tenha sido por isso que me queria. Não digo que era um jogador taticamente muito bom, mas safava-me bem.

O que é que o distingue dos outros treinadores?

É um treinador muito perfecionista. É daqueles gajos que quer as coisas bem feitas. Há treinadores que quando não conseguem fazer as coisas hoje, continuam amanhã. Como ele não: o treino não tinha hora para acabar. Só acabava quando estava tudo bem. Os treinos dele eram todos muito táticos. Se fores um jogador taticamente fraco, não vais safar-te na equipa dele. Sejas avançado, central ou guarda-redes.

Quando trabalhou com ele no V. Setúbal, na altura até na II Liga em 2000, acreditava que ele podia chegar onde chegou?

Sabia que ele podia chegar longe, assim como ele também sabia. Sempre foi muito confiante e sabia que mais cedo ou mais tarde ia chegar onde queria. Podia era demorar mais ou menos tempo. Ainda tem muito para dar ao futebol.

E vai conseguir atingir os objetivos no Sporting?

Está há dois anos a tentar ganhar o campeonato e penso este ano vai ser decisivo. O Jesus é um homem de desafios e acho que é por isso que continua no Sporting. Sente que o trabalho não está completo. Acredito que vai dar tudo para ganhar o título este ano.

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