* com Pedro Neves de Sousa (TVI)

A poucos dias de regressar à Ucrânia para integrar a pré-época do Dinamo de Kiev, Miguel Veloso concedeu uma entrevista ao Maisfutebol e à TVI. Neste excerto o internacional português fala da conquista do seu primeiro título de campeão, complementado com a vitória na Taça da Ucrânia, e recorda também os momentos de maior tensão no conflito politico-militar daquele país.
  
Fez a «dobradinha» na Ucrânia e chegou aos quartos de final da Liga Europa. Foi a melhor época da carreira?
Em termos de títulos sim. Em termos pessoais não tanto, pois tive uma lesão logo no início, uma entorse no pé, e estive cerca de um mês parado. Já no final da época também me lesionei no tendão de Aquiles e não defrontei a Fiorentina. Em termos coletivos foi, pois conquistámos o campeonato da Ucrânia, que o Dinamo já não vencia há cinco anos, e vencemos também a Taça da Ucrânia.
 
Qual foi a sensação de festejar um título nacional pela primeira vez?
É um momento único, indescritível. É um longo trabalho durante o ano para concretizar um sonho. É muito difícil ganhar uma prova assim.
 
Esta época também assumiu o papel de goleador, com o melhor registo de golos desde que está na Ucrânia (seis golos)...
Já joguei em várias posições, mas este ano fui mais um «8», um «box to box». As coisas têm corrido bem, fiz alguns golos. Anteriormente jogava numa posição um pouco mais recuada. Faz parte também da evolução de um jogador, jogar em várias posições é sempre útil.
 
Sente-se melhor nesta posição?
Como «6» tenho de estar mais fixo, proteger os laterais que sobem, fazer compensações. Como «8» posso atacar, posso defender, sou mais ágil e chegar a zonas de finalização.
 
Como campeão ucraniano o Dinamo de Kiev tem presença assegurada na fase de grupos da Liga dos Campeões. Seria especial encontrar uma equipa portuguesa na prova?
Sim,já este ano defrontámos o Rio Ave na Liga Europa. É sempre especial defrontar equipas portuguesas, pois é o meu país. É sempre bom.
 
As conquistas do final da época fazem esquecer um pouco a situação política do país?
Este ano foi um pouco mais tranquilo. O país conseguiu estabilizar um pouco, embora os problemas não tenham acabado na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Estão um pouco mais paradas. Houve situações mais perigosas anteriormente. Felizmente em Kiev sempre foi possível andar à vontade, onde podemos estar tranquilamente, é super pacata. Tivemos a sorte de não estar lá no momento mais difícil, pois normalmente fazemos um estágio em Espanha. Depois voltou tudo à normalidade e está tudo tranquilo agora.
 
Houve momentos em que foi difícil gerir a situação, até tendo em conta a família, que acompanha tudo à distância?
Todos os dias familiares e amigos perguntavam como estava a situação, pois as notícias que passavam aqui eram muito más. Nós, jogadores, víviamos com alguma ansiedade, pois estávamos em Espanha. Normalmente voltamos a Kiev para jogar as provas europeias, mas como iamos defrontar o Valencia acabámos por ficar em Espanha. Foi um pouco difícil, também por estarmos longe, mas graças a Deus as coisas já passaram.
 
Houve algum momento mais complicado, em que sentisse que o ambiente estava mais pesado, mesmo em Kiev?
Pelas noticias sim, mas para ser sincero nunca se passou nada em Kiev. Estava tudo tranquilo. Houve três equipas que se mudaram para Kiev, incluindo o Shakhtar, e lá não se passava nada.
 
Hoje em dia sente que Kiev é uma cidade segura? A situação não faz pensar numa possível saída?
Há um ano, quando era tudo muito fresco, sim. Passaram algumas dúvidas pela minha cabeça. Neste momento não, com a situação a melhorar mesmo nas fronteiras, com tudo calmo em Kiev...

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