*Por: Ana Sofia Figueiredo

Rui Lima é o capitão da UD Oliveirense. Tem 36 anos, mas a idade é só um número e não um impedimento: a temporada 2013/2014 foi uma das melhores da sua carreira.

Em 44 jogos no segundo escalão português, Rui Lima marcou 16 golos, dos quais oito foram de grande penalidade. O esquerdino liderou o conjunto de Oliveira de Azeméis a caminho da manutenção numa época que se revelou mais complicada do que se previa.

«Se não é a melhor, com certeza é uma das melhores épocas da minha carreira. Já o ano passado fiz 47 jogos e marquei 13 golos. Por isso, entrei com ambição no início desta época e estou muito satisfeito por ser o terceiro melhor marcador da liga», afirma o jogador em entrevista ao Maisfutebol.

Rui Lima é um dos jogadores mais velhos a atuar profissionalmente em Portugal - ocupa a oitava posição na hierarquia dos mais experientes. Os 36 anos de idade que soma podiam ser um ponto negativo, mas este salienta que a sua experiência traz vantagens.

«Com o passar dos anos, ganhamos outro estofo e outra mentalidade. Tenho uma melhor leitura de jogo do que quando era mais novo. Fui evoluindo a nível técnico e tático ao longo dos anos. Antes era capaz de correr e correr, sem saber porquê. Agora penso melhor o jogo e tenho mais prazer a jogar do que tinha noutros tempos», confessa.

«Achavam que a época passada era uma coisa fugaz»

Apesar de tudo, o desempenho ao longo de toda a temporada foi também uma prova das suas capacidades para aqueles que pensavam que a boa época de 2012/2013 não se voltaria a repetir.

«Esta época serviu de resposta para as pessoas que achavam que a época passada era uma coisa fugaz. Provei que podia fazer mais e melhor. A minha paixão pelo futebol continua a mesma desde que comecei», revela o médio.

Pode-se dizer que tudo correu às mil maravilhas a nível individual para Rui Lima. O mesmo não se pode dizer a nível coletivo. Foram muitas as dificuldades encontradas pela Oliveirense para cumprir o objetivo da manutenção.

«Foi uma época atípica, complicada. Os jogadores chegaram a conta-gotas e muitos eram novos na equipa e jovens, sem muita experiência. Também eu comecei tarde a preparar a época. Fiz quatro ou cinco treinos em agosto. Depois houve a troca de treinador devido aos maus resultados. Tornou-se numa época muito complicada, mas o objetivo principal, a manutenção, foi cumprido», conta o camisola 23 da Oliveirense.


O contrato com a Oliveirense expira no final desta época. E o que reserva o futuro? Renovar ou encontrar um novo projeto? Tudo está em aberto.

«Acabo contrato, é verdade. Aguardo contacto da Oliveirense ou de outro clube. A temporada acabou há pouco e por isso não tenho pressa», diz.

Admite, no entanto, que regressar ao Boavista, clube onde se formou, «é uma hipótese» e não esconde que «seria uma boa opção». Porém, salienta que não houve qualquer tipo de contacto.

Numa carreira com perto de 20 anos, houve momentos bons e maus, alguns dos quais se arrepende e outros que o marcaram de tão importantes que foram.

«Houve decisões que na altura pensava que eram as melhores e não foram. Quando recebi a proposta para ir para o Chipre, tinha outras propostas mais seguras. Decidi arriscar, mas lá tive muitas dificuldades. Não sabia o que o futuro reservava. Se soubesse que ia correr como correu, teria tomado outra decisão», conta.

A estreia na Liga dos Campeões em casa do Bayern Munique

Os momentos maus, de qualquer forma, foram superados. A carreira de Rui Lima está também recheada de episódios felizes, dos quais não se esquece.

«A minha carreira podia ter sido melhor, mas estou bastante satisfeito com o meu percurso. Participei na Liga dos Campeões, na Taça UEFA, joguei nas camadas jovens da seleção. Só faltou mesmo ter jogado pela seleção A», admite o jogador.

Mas se tivesse de escolher apenas um como o momento mais marcante?  «As chamadas à seleção são marcantes para qualquer jogador e para mim também foram. Mas quando me pedem para escolher só um momento, vem-me logo à cabeça a estreia na Liga dos Campeões pelo Boavista e logo na casa do Bayern. Entrei quando faltavam dez ou quinze minutos para o fim do jogo, mas foi inesquecível», recorda o número 23 da Oliveirense.

No seu currículo conta com um título oficial: campeão da II Liga Portuguesa ao serviço do Beira-Mar em 2005/2006. Para além disso, foi considerado o segundo melhor jogador da Liga de Honra no mês de março em 2013.

No próximo ano, Rui Lima celebrará 20 anos de carreira e quando o fizer terá certamente orgulho no seu percurso profissional e de toda a experiência que acumulou. O médio português representou dez equipas: Boavista, Gondomar, Desportivo das Aves, Chaves, Vitória de Setúbal, Beira-Mar, Omonia (Chipre), Nea Salamis (Chipre), Hapoel Haifa (Israel) e Oliveirense. E, garante, está para durar.