No espaço de um ano e meio, Rodrigo Battaglia viveu uma montanha de emoções: foi um dos maiores alvos do ataque à Academia, rescindiu contrato, regressou ao Sporting e teve uma lesão muito grave, que o afasta dos relvados há praticamente um ano.

Numa entrevista ao Maisfutebol, o médio argentino confessa que todas estas coisas o afetaram psicologicamente, mas garante que é um capítulo fechado e ultrapassado. Até porque se sente um homem mais maduro hoje, depois de viver tudo o que viveu.

Battaglia mostra, de resto, pouca vontade de recordar Alcochete, optando por não responder a todas as questões. Pelo meio, fala do momento conturbado da equipa e da instabilidade em torno do plantel, numa entrevista que foi feita antes da eliminação da Taça de Portugal.

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Em ano e meio viveu o ataque a Alcochete, rescindiu, regressou e teve uma lesão gravíssima: acha que tem de ir à bruxa?
Penso que não tenho de ir à bruxa. Mas se te disser que tudo isso não me afetou pessoalmente a nível psicológico, vou estar a mentir-te. Claro que me afetou, e estou a ser sincero, mas são coisas que ficaram para trás e estão resolvidas, graças a Deus. Agora quero olhar para a frente e lutar por este clube.

Foi o afastamento de Bruno de Carvalho e a prisão dos suspeitos do ataque a Alcochete que lhe permitiram voltar após rescindir?
Não respondo a isso.

Para si é um assunto encerrado?
Não, eu voltei por muitas razões, não é? Não foi só uma coisa. Há muita gente a falar... Eu nunca falei porque o silêncio é por vezes é de ouro. O mais importante para mim agora é lutar pelo Sporting. É com o Sporting que estou em dívida.

Onde é que se vê daqui a um ano?
Vejo-me no Sporting, a jogar muito e a tentar ser campeão.

Daqui a um ano, portanto?
Sim, claro. Acredito muito nesta equipa, neste grupo, no pessoal que trabalha no Sporting. É um clube que está a começar a fazer as coisas bem e por isso merece um título. Só peço aos adeptos que nos apoiem, porque estamos aqui de corpo e alma.

O Sporting ainda vai a tempo de recuperar o que perdeu nestes últimos momentos de instabilidade e resultados menos bons?
Ainda estamos na Taça da Liga e ainda falta muito no campeonato. É verdade que há muita instabilidade, e não é só nas bancadas, nós também sentimos dentro do balneário. Mas os jogadores estão focados em fazer o melhor pelo clube e por si mesmos. Ninguém, mais do que os jogadores, quer ganhar, porque as vitórias é que lhes trazem prestígio, carreira e muitas outras coisas que os adeptos não veem. Repito: nós mais do que ninguém queremos ganhar sempre.

A época não começou bem e Marcel Keizer saiu: acha que o treinador holandês foi um caso de inadaptação ao futebol português?
Não sei se foi inadaptação. Não consegui jogar com ele, quando ele chegou eu lesionei-me. Acompanhei o processo de fora. Acho que ele fez um bom trabalho, mas também acho que para um treinador português é mais fácil. É essa a minha opinião. Ele não conhecia o campeonato, mas mesmos assim ainda conseguiu ganhar duas taças. Bem vistas as coisas, fez uma época extraordinária. A única coisa negativa foi perder a final da Supertaça com um rival direto, o que veio criar instabilidade. Mas repito: conquistou duas taças e teve muito mérito nisso.

Ainda não treinou no campo com Silas, mas pelo que lhe chega no balneário, o que lhe parece o trabalho dele?
Para mim é muito importante que o futebol tenha gente que tenha estado no futebol. O Silas é um treinador jovem, que ainda há pouco tempo estava a jogar. É português, o que é muito importante, percebe o que precisamos e o que não precisamos. Desejo-lhe muita sorte.

Para terminar, o que lhe faltou dizer?
Estou grato à vida pela profissão que tenho. Sei que é uma profissão normal, mas nem toda a gente consegue. Mais importante do que tudo, quero ser boa pessoa.