Rodrigo Battaglia esteve mais de dez meses parado, depois de uma grave lesão, regressou já com Leonel Pontes, participou em dois jogos e voltou a lesionar-se.

O argentino vive, portanto, há praticamente um ano, um verdadeiro calvário, que o abanou, mas não deitou abaixo. Recorreu a um psicólogo, pensou nos sonhos de criança, agarrou-se à vida.

Numa entrevista ao Maisfutebol, Battaglia reviveu agora os onze meses de recuperação, confessou o que lhe passou pela cabeça e revelou quais foram os momentos mais complicados.

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Como está o processo de recuperação da lesão?
O meu processo está encaminhado. Consegui voltar a jogar depois de quase dez meses de recuperação. Não foi uma operação fácil, mas com trabalho e paciência consegui atingir o meu objetivo: voltar a jogar. Infelizmente, pela dinâmica do futebol, joguei dois jogos muito seguidos e no segundo jogo senti um toque no menisco. Mas pronto, não é nada grave e estou a cumprir um processo para voltar a jogar rapidamente.

Psicologicamente como foi o último ano?
Foi difícil, é normal. Qualquer jogador, ou até qualquer pessoa, que tenha uma lesão grave no seu corpo, é difícil. O mais difícil foi terem-me arrancado do dia a dia normal da minha vida. Vir treinar normalmente, brincar com os meus colegas, fazer o que mais gosto na vida.

Foi disso que sentiu mais falta?
Sim, sim, sem dúvida. Vinha trabalhar num horário diferente do resto do grupo e isso afetou-me psicologicamente. Mas pronto, também tive a ajuda de um psicólogo meu amigo, argentino. Chama-se Marcelo Rossi e quero enviar-lhe um abraço publicamente. Ajudou-me muito e consegui sair desse período mais difícil que vivi.

Quais são as horas mais difíceis quando se atravessa um calvário assim tão longo?
Na minha profissão é quando o Sporting jogava, eu via os meus colegas jogar, competir, ganhar, perder, enfim. Eram momentos difíceis, porque eu queria estar lá dentro com eles. Mas pronto, eles premiaram-me com dois troféus na época passada e isso, para mim, foi algo espetacular.

Nessas horas mais difíceis agarrou-se a quê para seguir em frente?
Isso é o normal, a família, os amigos, aqui as pessoas do clube. Mas muitas vezes também pensei em mim: pensei em mim quando era um puto, aqui há uns tempos atrás, no fundo não era ninguém e sonhava jogar num clube grande, numa primeira divisão. Pensava nesse menino e pensava que agora já sou profissional e reconhecido pelo meu valor. Portanto tudo o resto são coisas que acontecem, tudo sucede por uma razão e há que seguir em frente. É como eu digo sempre: nos problemas tens duas soluções, ou te agarras ao problema ou tentas sair. Eu tentei sair e vou tentar sair sempre.

No meio disto tudo, alguma vez lhe passou pela cabeça abandonar o futebol?
Não, não, nunca. Sim, foi difícil. Sim, tive dúvidas se poderia voltar a fazer um passe, ou uma corrida, ou um corte como tanto gosto. Sim, pensei nisso, mas quando pisei o campo, fiz o primeiro passe e fiz a primeira receção de bola, vi que estava tudo normal e fiquei feliz.

O que é que lhe veio à mente quando soube que ia voltar a jogar, no encontro com o Famalicão?
Assumi as coisas muito normalmente. Não queria criar ansiedade na minha cabeça. Tentei não pensar que era o meu regresso, mas sim interiorizar que era só mais um jogo. Quando estava a entrar em campo, naqueles momentos de maior ansiedade, ouvi o aplauso dos adeptos, as pessoas reconheceram o meu regresso, e isso deixou-me muito feliz.