Este sábado não foi só Suarez que deu nas vistas por recusar apertar a mão a um adversário: Paulo Sérgio, treinador do Hearts, fez o mesmo na liga escocesa. O treinador português tinha aliás ameaçado apertar mais do que a mão a Kenny Shiels, treinador do Kilmarnock. No fim conseguiu conter-se.

Os desentendimentos entre os dois treinadores já vêm de há algum tempo. No dia anterior ao jogo, na conferência de imprensa, foi perguntado a Paulo Sérgio se estaria disposto a apertar a mão de Kenny Shields. O português não foi de modas. «Estou», disse. «Apertar-lhe a mão e o pescoço...»

No jogo, porém, não o fez. Não lhe apertou o pescoço, mas também não apertou a mão. A cena não passou indiferente a ninguém. Até porque o treinador do Kilmarnock chegou a parecer provocatório: tentou cumprimentar Paulo Sérgio uma vez, o português recusou e ele foi atrás dele para insistir.

Paulo Sérgio evita derrota nos descontos

Na conferência de imprensa Paulo Sérgio explicou por que o fez. «Não quero apertar a mão de uma pessoa que diz o que ele diz de mim. A segunda vez que tentou apertar-me a mão foi para me provocar e provocar uma reacção das bancadas», disse, lembrando que o Kilmarnock jogava em casa.

«Depois do que ele disse de mim, e não apenas esta semana, já foi a quinta ou sexta vez que falou assim de mim, era tempo de lhe dar uma resposta pelo que ele tem feito com toda a gente: e não apenas comigo. Não vim para aqui para ter problemas destes, mas ele foi tão baixo que não tenho palavras.»

Por detrás desta polémica, recorde-se, está o guarda-redes Mário Kello. O eslovaco está em final de contrato e o Hearts recebeu uma proposta para o transferir para o Rapid Viena. Kello, no entanto, recusou, preferindo ficar até final da época e ficar livre. O que enfureceu o presidente do Hearts.

O dirigente disse então que Mário Kello não podia jogar mais e Paulo Sérgio acatou a decisão, justificando que foram ordens superiores. Sem ter nada a ver com isso, Kenny Shields veio a público dizer que Paulo Sérgio não podia aceitar desta forma a intromissão no seu trabalho.

«Não guardo qualquer simpatia para com ele», garantiu. «Se tens princípios na tua vida, e o teu trabalho é escolher a equipa, e esse poder é-te retirado, tens de sair. Se um presidente tentasse escolher a minha equipa, eu saía no mesmo momento porque ele tinha ficado com o meu trabalho.»