Ganhar ao Levante, fora de casa, e ao Málaga, no Vicente Calderón. Quem seria capaz de prever, no no passado mês de agosto, que o At. Madrid ia fechar abril com este reduzido caderno de encargos a separá-lo do título espanhol – e para cúmulo, apenas a um empate com golos da final da Liga dos Campeões?

A verdade é que começa a não haver adjetivos para a temporada da equipa de Diego Simeone, que ao vencer em Valência, neste domingo, deixou os seus adeptos num clima de pré-celebração de quem já vê a linha de meta sem adversários a obstruir-lhe a visão.

O triunfo «colchonero» chegou da forma habitual: sem golos sofridos, como acontece há seis encontros consecutivos (só sofreu dois nos últimos onze jogos...) e com o aproveitamento quase total de uma das raras oportunidades num jogo intenso mas pouco espectacular. Esta cabeçada de Raúl Garcia, após passe de Gabi e saída mal medida do guarda-redes Guaita, pode muito bem ficar na história do clube «colchonero», que neste domingo já bateu o seu recorde de pontos numa edição da Liga, superando os 87 que lhe valeram o último título de campeão, em 1996.



Com o resultado do Mestalla, o Atlético pode preparar com moralização absoluta a viagem a Stamford Bridge na próxima quarta-feira, que o pode trazer de volta à decisão do título europeu, 40 anos depois. E, quase tão importante como isso, mantém-se em condições de, não falhando nas próximas duas jornadas, ir a Camp Nou já com o título no bolso, sem necessidade de pontuar.

Barça: reviravolta na homenagem a Tito



A vitória «colchonera», a meio da tarde, deixava o Barcelona ainda mais pressionado para vencer na difícil visita ao El Madrigal: qualquer outro resultado deixava a corrida ao título reduzida às equipas de Madrid. Num ambiente necessariamente pesado, devido à morte de Tito Vilanova, na sexta-feira, a equipa catalã demorou a encontrar-se. Alguns jogadores, como Busquets, não contiveram as lágrimas, no momento de homenagear o treinador que apenas há um ano os tinha conduzido ao título dos recordes.



Esse contexto, a somar à qualidade do adversário e aos evidentes problemas estruturais que a equipa tem acusado nas últimas semanas, ajuda a explicar, em parte, uns 60 minutos desastrosos da equipa de Tata Martino, que deu por si a perder por dois golos perante o «submarino amarelo». Mas um ressalto feliz de um remate de Dani Alves no calcanhar do brasileiro Gabriel Paulista reabriu a discussão pela partida.

O empate chegou em mais um momento caricato, num autogolo do argentino Musacchio, e a reviravolta consumou-se aos 83 minutos, no lance mais bonito da partida: Busquets picou a bola sobre a defesa, Fábregas fez a assistência de cabeça e Messi concluiu com o pé direito, com um golo com dedicatória óbvia. Apesar da vitória ao sprint, as celebrações foram naturalmente comedidas: como lembrou Tata Martino na conferência de imprensa após o fim do jogo, «nestas circunstâncias o futebol torna-se secundário.»

Resta dizer que o Real Madrid assistiu a tudo isto de cadeirinha, já de cabeça voltada para a meia-final desta terça-feira, com o Bayern, em Munique. No Bernabéu, o público «merengue», que proporcionou um emotivo minuto de silêncio em memória de Tito, assistiu ao regresso do fenómeno: 24 dias depois do último golo, o que para ele é uma eternidade, Cristiano Ronaldo resolveu o jogo com o Osasuna com dois balázios de assinatura reconhecida. A liderança do português no comando dos marcadores voltou a ser cimentada (30 golos, contra 27 de Messi e Diego Costa). Mas com o que ainda falta jogar na temporada, pelo Real e pela seleção, esse terá de ser um objetivo menor na sua lista de prioridades.