A figura: Cardozo
Jesus tinha dito: assim que marcar o primeiro, Cardozo nunca mais para. Assim tem sido. Leva três jogos seguidos de Liga a fazer golos. Faturou em Guimarães, na Luz com o Belenenses e esta noite na Amoreira. E que golo. Pouco crente no pé direito, o Tacuara costuma abusar da canhota. Tantas vezes tenta puxar para o pé esquerdo que, em muitas ocasiões, acaba sem a bola. Mas nesta noite não. Foi um crente. Melhor, teve pensamento assassino de ponta de lança. Bola no ar e pé direito de Cardozo a acertar em cheio na bola, que só parou no ângulo da baliza de Vagner. A seguir, voltou a aparecer sozinho na área. Ofereceu um golo, mas Lima já estava na curva descendente da exibição. Importantíssimo também na luta final, a bater-se com os centrais, a usar o corpo para ganhar a bola e depois abrir jogo. Jesus lançou-o em boa hora e Cardozo empurrou a equipa para o triunfo. Sem ironias.

O momento: minuto 71
Bola pelo ar, Cardozo na área, mas virado do «avesso». Se fosse do lado contrário, esperava-se um remate de primeira. Dali, não. Mas o Tacuara enganou toda a gente e enfiou uma bomba na baliza de Vagner. Um golo que resolveu o encontro. O pé direito do Tacuara também mata. E com beleza.

Outros destaques
Lima
Voltou à titularidade, depois de ter ficado no banco em Paris. Dez minutos bastaram para o brasileiro marcar. Lima foi inteligente na movimentação do 1-0. Com o Estoril a tentar reposicionar-se, foi para as costas de Babanco, onde havia espaço. A bola veio boa e marcou de cabeça. Depois disso, foi grande vítima do jogo da equipa. Tentou lutar com os centrais contrários, mas ficou sempre preso à marcação. Tentou vir buscar a bola, mas Ruben Fernandes e YohanTavares perseguiram-no. A segunda vez em que surgiu sozinho na área foi para bater o penalty que Vagner defendeu. À terceira, desperdiçou uma assistência de Cardozo, que o colocou de frente para o golo. Lima atirou ao lado. Em suma, ganhou confiança com o golo, perdeu-a com o que fez a seguir.

Gaitán
Bom início de jogo, depois adormecimento durante grande parte do primeiro tempo, segunda parte a procurar levar a equipa para a frente. Fez uma exibição consistente, sem deslumbrar. Aliás, na Amoreira nesta noite houve pouca gente a sobressair de facto. Colocou a bola redondinha na cabeça de Lima, num cruzamento tirado com conta peso e medida. Daqueles que no Benfica, só quase ele consegue fazer. Como se disse, jogou mais em apoio à defesa do que a sairpara o ataque, no primeiro tempo. No segundo surgiu um pouco mais solto. Durante alguns minutos, jogou no meio, uma posição por onde gosta de andar. Depois, voltou à esquerda, a tentar entrosar-se com Siqueira. A melhoria que o Benfica pode vir a ter no futuro pode passar muito pelos dois, diga-se. Se quando chegou a Portugal era acusado de defender pouco, essa realidade está longínqua agora. Foi à luta até final, no apoio a um lateral-esquerdo amarelado desde muito cedo.

Evandro
Talvez o jogador do Estoril a dar mais nas vistas na temporada, mas uns furos baixo do costume frente ao Benfica. Como é habitual, tentou sempre jogar rápido. Ao primeiro toque. Nem sempre saiu bem, até porque havia quem estivesse ainda mais abaixo em rendimento. Ainda assim, nunca baixou os braços. Assim que sofreu o 2-0, atirou para a baliza de muito, muito longe. Marcou o canto consequente e Balboa fez o 2-1. Nos descontos, teve a derradeira ocasião, mas atirou por cima.

Balboa
O Benfica trouxe-o para Portugal, o Benfica sofreu por causa dele. Reduziu num pontapé de canto em plena área e mexeu com o Estoril em termos anímicos. Imprimiu velocidade numa altura em que a equipa precisava dela.