O Estrela da Amadora iniciou a segunda volta da I Liga com uma derrota (1-2) no Estádio José Gomes diante da União de Leiria. A equipa de Carlos Brito, com quase um mês de paragem, não conseguiu resolver os problemas que evidenciou ao longo de toda a primeira volta e saiu derrotada na primeira das dezassete finais que Carlos Brito anunciara para a segunda volta. O União de Manuel José, sem realizar uma grande exibição, conquistou os três pontos de forma inteiramente merecida. 

O Estrela continua preso ao mesmo sistema de jogo que praticou durante toda a primeira volta. Pratica um futebol demasiado congestionado a meio campo e raramente consegue uma boa relação entre o meio-campo e o ataque, que parecem jogar de costas voltadas. 

Carlos Brito apresentou um 4x4x2 muito pouco funcional. Pedro Simões actuou mais recuado, à frente da defesa, enquanto Tiago Lemos, Lázaro e Hélder Quental tiveram demasiada liberdade. Sem posição fixa, os três jogadores chocaram muitas vezes nas suas funções ao longo de toda a primeira parte. 

Sem bola, não acertavam nas marcações ao adversário. Com bola, muito concentrados no centro do terreno, não criavam espaços. Com o meio-campo demasiado congestionado, os dois avançados procuraram espaços nas faixas laterais. Paulo Ferreira, na esquerda, e Gaúcho I, na direita, colaram-se às linhas laterais e no centro da área não sobrou ninguém. Durante a primeira parte, Costinha não foi uma única vez posto à prova. 

O Estrela jogava mal. Jogava de improviso. Procurava a bola a todo o custo e quando a conseguia demorava a organizar-se em campo. O jogador que possuia a bola raramente tinha apoio da parte dos seus companheiros e via-se obrigado, quase sempre, a optar por uma iniciativa individual. 

O União de Leiria, por seu lado, apresentou uma nova face para esta segunda volta. Manuel José trocou o seu habitual 4x3x3 por um consistente 4x4x2, fazendo Bruno Ribeiro jogar mais atrás, no lado esquerdo. Leão e Tiago, no centro do terreno, e Luís Vouzela, mais descaído para a direita, estavam encarregues de controlar o meio-campo, recuperar bolas para,d e seguida, solicitar a velocidade de Krpan, na esquerda, e de Derlei, na direita. 

Foram precisos poucos minutos para se perceber o enorme contraste da forma de jogar das duas equipas no centro do terreno. O Estrela jogava de forma caótica, procurando tirar vantagem do maior número de homens. O Leiria jogava simples, ao primeiro toque, tirando o máximo proveito dos espaços concedidos pelo adversário para lançar Krpan e Derlei na direcção da baliza de Tiago. 

O primeiro golo do Leiria, logo aos sete minutos, retrata bem a situação. Nuno Valente, com espaço na esquerda, cruza para o centro da área, Krpan faz-se ao lance, Tiago sai a seus pés, mas nenhum dos dois toca na bola que sobra para Tiago que, vindo de trás, rematou sem oposição para a baliza deserta. 

Tudo ficou ainda mais fácil para o Leiria que nos minutos seguintes continuou a dominar, sem grande esforço. O União limitava-se agora a assistir à total desorganização do Estrela. Aguardava com paciência um deslize do Estrela e lá iniciava mais um ataque. Tiago intrometeu-se por inúmeras vezes entre desentendimentos do adversário para ganhar a bola e sair a jogar. 

O Estrela nunca conseguiu chegar à baliza de Costinha com perigo e desesperava. O Leiria, com rápidas jogadas ao primeiro toque, chegava facilmente à area de Tiago e quase chegou ao 2-0, num mau atraso de Kenedy que isolou Krpan. No derradeiro instante, Tiago conseguiu tirar a bola do alcance do croata. 

Carlos Brito arriscou tudo 

Carlos Brito assustou-se e decidiu alterar o sistema antes do intervalo, lançando Renato para a direita do ataque do Estrela, permitindo que Gaúcho I actuasse mais ao centro. 

Após o intervalo, o Estrela trocou os calções brancos por uns verdes e Carlos Brito decidiu arriscar ainda mais. Mandou Rui Neves avançar para o centro do terreno e, mais tarde, fez entrar Semedo para a posição de extremo direito, permitindo a reconstrução da «velha» dupla Renato-Gaúcho I no centro da área. 

Inicialmente, as alterações pareceram surtir efeito. O União recuou e o Estrela jogava agora no seu meio-campo com uma linha de quatro avançados. Confiante, Carlos Brito fez ainda entrar Cadete para o meio da confusão. Era o tudo ou nada. No entanto, apercebendo-se do grande espaço que o Estrela deixou nas linhas mais recuadas, Manuel José fez entrar Zezinho para o lugar de Bruno Ribeiro, refazendo o seu tradicional 4x3x3. 

Krpan na esquerda, Derlei no centro e Zezinho na direita formaram rapidamente um tridente ameaçador à baliza de Tiago. O Estrela pretendeu ignorar a nova conjuntura e acabou por pagar caro. Zezinho ganhou uma bola a Kenedy e cruzou de imediato para Derlei que, sem oposição bateu Tiago pela segunda vez. 

Parecia tudo perdido para o Estrela. Mas no minuto seguinte, Renato, incansável, encontrou uma abertura, procurou espaço mas caiu, supostamente empurrado pelo seu homónimo do Leiria. Martim dos Santos não teve dúvidas e assinalou grande penalidade. Kenedy converteu o castigo máximo e os adeptos do Estrela voltaram a acreditar, pelo menos, no empate. 

O Estrela, de facto, tentou tudo. Carregou sobre o adversário com todas as suas forças. Já em periodo de descontos, Paulo Ferreira caiu na área, mais uma vez por acção de Renato. Desta vez não havia lugar a dúvidas. Mas Martim dos Santos assim não o entendeu. De qualquer forma, a vitória da União de Leiria não merece qualquer contestação.