É a grande ameaça americana no próximo domingo contra Portugal e nada o parece parar, tanto a nível profissional, como pessoal. O experiente médio só precisou de 30 segundos para deixar a sua marca neste Mundial, abrindo o marcador contra o Gana e mostrando que os Estados Unidos estão neste campeonato para ter sucesso. No domingo, em Manaus, vai jogar de máscara, depois de ter partido o nariz na primeira jornada.

O texano Clint Dempsey é o «capitão América», o portador do sentimento de conquista que tanto caracteriza os naturais daquele país. A sua vasta experiência internacional, baseada na Premier League, onde representou o Fulham e o Tottenham, oferecem à equipa nível competitivo suficiente para ultrapassar todos os obstáculos. Para eles não existem objetivos inalcançáveis e mesmo que não possuam muitas soluções técnicas, a condição física e o rigor tático são o combustível em cada partida.

Aos 31 anos, Dempsey é o mais respeitado dos jogadores americanos (também o mais bem pago) e mesmo que tenha regressado ao seu país para jogar na MLS, representando os Seattle Sounders, não perdeu influência. Em final de carreira, já estará a pensar no futuro, onde com certeza terá tempo para alimentar outro dos seus talentos: a música.

O seu primeiro álbum, denominado «The Redux», contém 13 faixas e foi  gravado em dezembro durante duas semanas, juntamente com um rapper seu amigo, XO. Sim, Dempsey sabe rimar, apresenta-se como «Deuce» e parece ter nascido com um dom.

Segundo escreve o «Wall Street Journal», Clint refugiou-se na música quando teve de parar de jogar numa altura em que a sua família atravessava dificuldades financeiras. Quando era muito novo, chegou a viver numa rulote e passava o tempo a imaginar o que fazer com o dinheiro se lhe saísse a lotaria.

Passados alguns anos, quando já era uma das estrelas dos New England Revolution (e ainda antes de abraçar a experiência europeia, assinando pelo Fulham), aceitou o desafio da Nike para gravar um videoclipe com um tema original seu. «Don’t Tread» (Não pisa) também contou com XO e transformou-se rapidamente no hino da equipa no Mundial de 2006:



A fama de «badass» estava lançada e Clint tinha a certeza que um dia voltaria a usar os seus dotes musicais. A oportunidade chegou oito anos depois e o objetivo do novo disco era criar uma outra banda sonora para a seleção, mas com o desenrolar das gravações acabou por sair um produto bem mais trabalhado, em forma de álbum.

«The Redux» é dedicado a um rapper seu amigo, Big Hawk, que morreu em 2006, tal como a sua irmã, vítima de aneurisma quando tinha apenas 16 anos. Dempsey não contou a ninguém o que estava a fazer, evitando críticas de que estaria distraído do futebol - evitou mesmo fazê-lo numa entrevista recente à Rolling Stone. A ideia é só voltar a pensar no projeto após o Mundial, mas o primeiro single já está online 

A história de Clint é recheada de acontecimentos e não tantos êxitos como seria de esperar, talvez por ter passado demasiado tempo no Fulham. Quando chegou ao Tottenham de Villas-Boas, na época passada, ainda conseguiu brilhar, nomeadamente na vitória em Old Trafford sobre o Manchester United, mas já era tarde demais, e este regresso a casa dá todos os sinais de preparação da próxima etapa. Vale a pena ver como se define (vídeo em inglês).



Outros atletas que tentaram «cantar»

Dempsey vai lançar o seu álbum, mas não é o primeiro futebolista a tentar a sorte na música. Em 1998, por altura dos Mundial, o também internacional Alexis Lalas lançou o álbum «Ginger»:



Nos Estados Unidos há vários casos de sucesso, como Shaquille O’Neal, que conseguiu colocar os seus quatro álbuns no top 100 da revista Billboard:



Mas um dos mais peculiares será John McEnroe. Casado com Patty Smith, o ex-tenista tentou fazer uma carreira na música, então como guitarrista, formou a banda «The Johnny Smith Band», contratou o mesmo produtor de Jimi Hendrix, mas não conseguiu mais do que alguns concertos animados. Neste programa da televisão espanhola não se saiu nada mal: