No Parc des Princes todos de olhos postos na surpreendente Irlanda do Norte frente à poderosa Alemanha.
Até Portugal esteve atento ao decorrer da partida, visto que uma vitória germânica por dois golos de diferença permitia aos portugueses empatar com a Hungria para selar o apuramento para os oitavos de final.
Will Grigg, o tal jogador mais famoso deste Euro 2016, começou novamente no banco e, na verdade, quem começou aterrorizada foi a equipa norte-irlandesa.
Perante o fulgor ofensivo dos germânicos, Michael O’Neill pediu à equipa para construir um verdadeiro «bunker» ao redor do guarda-redes McGovern.
Só que a «mannschaft» depressa se apercebeu que essa muralha afinal não era de betão, muito pelo contrário. Parecia feita de pauzinhos de gelado, que a cada golpe ruía, pecinha a pecinha.
Um verdadeiro sufoco, caros leitores. Não é exagero, foi mesmo isso o que se passou nos primeiros instantes do encontro. Will Grigg, no banco novamente, viu a equipa «on fire» verdadeiramente, mas pelos calores que os alemães foram provocando a cada jogada que faziam.
É que quem construiu o «bunker» norte-irlandês esqueceu-se de instalar uns binóculos, daqueles fortes, capazes de ver a vários metros de distância. As primeiras investidas da Alemanha partiram de longe, portanto.
Boateng afinou o canhão e bombeou várias bolas para as costas da defesa norte-irlandesa, causando vários estragos, três oportunidades de golo no primeiro quarto de hora. Valeu aos estreantes da Irlanda do Norte a inspiração de McGovern, que foi adiando o golo germânico.
«Bem, já que não consigo marcar…»
Este pensamento deve ter passado na cabeça de Müller certamente.
O jogo aproximava-se da meia hora e Müller já somava uma mão cheia de boas oportunidades de golo. Quando não era a falta de sorte, eram os postes ou McGovern quem lhe estragavam os planos. Ele que ainda não conseguiu fazer o gosto ao pé neste Europeu.
Depois de tanto tentar, o avançado do Bayern Munique decidiu inverter papéis e assistiu Mario Gomez para o primeiro golo do encontro.
Um bom passe de Özil descobriu Gomez à entrada da área, que passou depois para Müller. O avançado progrediu com a bola, sentou McGovern e passou para trás, onde apareceu Gomez a rematar para a baliza deserta.
À sexta tentativa a bola entrou finalmente. Joachim Low, desta vez, ergueu as mãos bem alto. A estratégia de colocar um homem mais fixo na frente deu resultado.
A Irlanda do Norte nem respirava. Um remate à baliza foi a única coisa que conseguiram fazer, 100% de eficácia.
Ao intervalo, a posse de bola era de 67% para a Alemanha, um registo assinalável neste tipo de competições, e que espelhava bem o domínio germânico.
Estava «on fire» a mannschaft.
«Agora divirtam-se rapazes, mas com juízo»
A segunda parte começou exatamente como havia terminado a primeira. A Alemanha partiu para um ataque impiedoso, para não deixar dúvidas mesmo.
Na frente das tropas Gotze. O pequeno grande jogador queria a todo o custo deixar marca neste jogo. No primeiro tempo tinha ficado perto, mas McGovern negou-lhe os festejos com duas manchas enormes.
Logo no recomeço do jogo, o médio do Bayern Munique teve nos pés a hipótese de fazer o segundo golo, o tal que daria maior tranquilidade aos portugueses. Num primeiro momento permitiu nova defesa de McGovern, e no segundo falhou de forma incrível à boca da baliza.
Perante as evidências e antevendo um sufoco igual, o técnico norte-irlandês optou por fortalecer o ataque, talvez numa tentativa de explorar o contra-ataque, fazendo entrar dois avançados a meio da segunda parte.
Depois de um recomeço novamente fechado a sete chaves, a Irlanda do Norte foi abrindo o seu jogo, deixando também mais espaço no miolo, que os alemães foram explorando, ainda que sem grande eficácia.
Por dentro e por fora, mas já sem bolas para as costas, os alemães foram tentando de tudo para chegar ao golo da tranquilidade mas McGovern, quem mais, o guarda-redes norte-irlandês recusou render-se.
Um golo em 28 remates...não é só Portugal
Terminou com 1-0 uma batalha de frente única, um massacre futebolístico que confirmou uma Alemanha capaz de voltar aos velhos tempos se necessário.
A «mannschaft» selou então o apuramento para os oitavos de final do Euro 2016 como líder do Grupo C, com 7 pontos, os mesmos que a Polónia, que venceu no outro jogo a já eliminada Ucrânia pelo mesmo resultado.
Valeu aos alemães a diferença de golos marcados (mais um que a Polónia) para garantir o primeiro lugar do grupo.
Quanto a Portugal, o melhor mesmo é vencer a Hungria esta quarta-feira, se quiser sonhar com a presença na próxima fase do Europeu. Digamos que se evitam contas complicadas.