*Enviado-especial ao Euro 2016

Esta quinta-feira, Portugal e o País de Gales medem forças na luta pela primeira vaga na final do Euro 2016. O selecionador galês admitiu que a equipa das quinas é favorita, mas acredita que é possível prolongar o sonho até Paris.

«Sabemos que não somos favoritos neste jogo. Portugal já esteve em sete meias-finais. Para nós é a primeira. O favoritismo vai todo para Portugal, mas o que interessa somos nós. Que os jogadores confiem uns nos outros. Não ligamos ao que dizem fora do grupo. O que interessa são os nossos valores, a nossa identidade. Não há garantias de final feliz. O que é garantido é que, se fizermos o nosso melhor, podemos sair de cabeça erguida», apontou Chris Coleman na conferência de imprensa de antevisão do jogo desta quarta-feira.

Aconteça o que acontecer, Chris Coleman considerou que já nada apaga a prestação do País de Gales no Europeu, mas sublinhou que a presença nas meias-finais não caiu do céu. «Não chegámos aqui do dia para a noite. Os jogadores têm muita união, há um grande espírito de equipa. Toda a gente pensa que o final desta competição é o fim da nossa viagem, mas não é. Nos próximos dois, três ou quatro anos, mesmo depois de eu já não estar aqui, estes jogador. Vão continuar por cá.vão continuar a aprender, a competir, a mostrar o que somos, e a ver se o que somos é suficiente para competir com os melhores.»

Para chegar às meias-finais, a seleção galesa passou uma fase de grupos com Inglaterra, Eslováquia e Rússia, eliminando depois a Irlanda do Norte e a Bélgica.

«Quando olhei para o nosso grupo, pensei que poderíamos passar a fase de grupos e não foi presunçoso da minha parte. Se corresse bem, poderíamos passar. Depois não se sabia o que poderia acontecer no sorteio dos oitavos de final. Quando chegámos aos quartos de final disse que achava que íamos chegar às meias, mas não sabia o que se passaria depois. Já tinha dito que os jogadores não estavam aqui de férias», completou.

Coleman desvalorizou as baixas que terá na sua equipa, uma vez que Aaron Ramsey e Ben Davies estão castigados: «É a vida de um treinador, mais cedo ou mais tarde vamos ter de mudar a equipa. Ramsey fez um torneio fantástico, foi um dos melhores jogadores da prova. Ben Davies, que está a jogar numa posição diferente não como lateral mas como o central da esquerda, cresceu, foi fantástico. Todos os jogadores sabem o que têm de fazer, e vão ter a mesma atitude, vão divertir-se e vamos ver o que fazem perante a oposição. Não estou preocupado.»

Para o selecionador, «a chave para ganhar é acertar no plano de jogo» e focar. De resto, não espera grandes surpresas do lado luso. «Fizemos o trabalho de casa sobre todas as equipas, Portugal não foge à regra. Conhecemos individual e coletivamente o nosso adversário, sabemos o que podemos esperar. No entanto, a este nível, os jogos são decidimos em segundos, numa perda de bola. Uma decisão errada e em três segundos estamos atrás deles no resultado. Estivemos a anos-luz de distância das grandes equipas no que diz respeito à ratice. É importante ter astúcia, e temos melhorado muito nos últimos anos.»

O técnico coloca os seus jogadores como grandes artífices dos excelentes resultados alcançados em França, embora reconheça algum valor na sua missão. «Claro que o treinador é importante. São bons jogadores, mas precisam de um plano de jogo, de uma estrutura, uma formação. Que é nova e não é fácil. Não tivemos muito tempo para trabalhá-la, mas é que que acho que, com os jogadores que temos, podemos retirar o melhor deles. Precisamos de ter jogadores que aceitam ser empurrados, questionados, precisamos de uma boa mentalidade. Às vezes, ao longo da nossa carreira, temos um ou dois que não queremos, mas não neste grupo. Bale, Ashley [Williams], todos eles são boas pessoas, querem aprender e ir mais além. Qualquer que seja a formação, eles aceitam e gostam. E, claro, temos de ter resultados. Se isso acontecer os jogadores seguem-nos», concluiu.