Portugal deixou escapar o título europeu de sub-19 este domingo, ao perder com a Itália, na final, por 1-0, no Estádio Nacional de Malta, em Ta'Qali. Foi o jogo menos conseguido dos cinco realizados pela equipa de Joaquim Milheiro nesta fase final diante de um adversário que se apresentou transfigurado em relação ao jogo da fase de grupos.

A squadra azzurra foi bem melhor no primeiro tempo, chegou à vantagem e depois segurou-a até final diante de uma equipa portuguesa que foi crescendo, mas que não conseguiu chegar ao empate. No último lance do jogo, Herculano atirou a rasar o poste e Portugal caiu de joelhos. Uma enorme desilusão para uma geração que já tinha falhado a fase final do Europeu de sub-17 devido à pandemia da covid-19.

Confira a FICHA DO JOGO

Portugal procurou entrar no jogo da mesma forma como o tinha feito nos primeiros quatro jogos, a procurar impor o seu futebol, com um bloco subido e posse de bola, mas rapidamente encontrou dificuldades. Pela frente estava uma Itália bem diferente do jogo da fase de grupos, como, aliás, já tínhamos visto no jogo anterior frente à Espanha. O ex-benfiquista N'Dour regressou ao meio-campo, depois de ter cumprido castigo, para dar mais poder físico e consistência defensiva, numa squadra azzurra que se desdobrava muito bem para o ataque, com Kayode sobre a direita e Hasa no lado contrário a conseguirem facilmente profundidade sobre as alas.

Portugal sentiu tremendas dificuldades em sair a jogar e, sobretudo, em chegar ao último terço, uma vez que a Itália era muito rápida nas transições. Apesar de também atacarem com um bloco subido, os italianos mudavam rapidamente para o bloco defensivo, com Kayode a recuar no corredor para definir uma linha de cinco, com Missori a juntar-se aos primos Dellavalle sobre o eixo, ao mesmo tempo que N'Dour e o capitão Faticanti bloqueavam o corredor central.

Hugo Félix teve de recuar muitas vezes para vir buscar a bola, mas depois já não tinha espaço para a levar para a frente. As equipas atacavam à vez, mas com uma diferença que se foi acentuando ao longo de toda a primeira parte. A Itália conseguia criar desequilíbrios, conseguia criar oportunidades, ao contrário de Portugal, que perdia facilmente a bola quando tentava atacar o último terço, com a Itália sempre mais forte nas segundas bolas.

A Itália já tinha tido oportunidades por Esposito, N'Dour e Hasa quando, aos 19 minutos, chegou ao golo que acabaria por definir o novo campeão. Cruzamento largo de Hasa da esquerda para o segundo poste, com Kayode a entrar com tudo, sobre as costas de Martim Marques, para marcar de cabeça.

Tal como no primeiro jogo, a Itália marcou primeiro, mas desta vez a reação portuguesa foi bem mais ténue. A equipa de Joaquim Milheiro conseguiu apenas aumentar a intensidade do jogo, mas continuou a cometer os mesmos erros, com os laterais a sentirem tremendas dificuldades para subir, sobretudo Martim Marques, preso pelas constantes investidas do imparável Kayode.

A tendência manteve-se, portanto, com a Itália muito consistente a defender e a continuar a criar perigo na frente, com novas oportunidades de Hasa e Regonesi. Portugal conseguiu melhorar apenas nos últimos instantes antes do intervalo, mas nem de bola parada conseguiu criar perigo. A primeira parte terminou com um livre de Hugo Félix, mas a bola saiu-lhe muito por cima. O jogador do Benfica viria a ter novas oportunidades de bola parada, mas nem nesse aspeto Portugal conseguiu tirar trunfos esta noite.

Portugal a crescer, Itália a recuar

Joaquim Milheiro não esperou mais e, para a segunda parte, lançou Martim Fernandes para o lado direito da defesa, desviando Gonçalo Esteves para o lado contrário, e Diogo prioste para o lugar de Samuel Justo. Portugal melhorou, começou finalmente a ter bola, numa altura em que a Itália começava a fazer marcha-atrás. À medida que Portugal foi crescendo, os italianos foram recuando em toda a linha, mas o jogo estava perigoso para os portugueses que tinham, agora, cinquenta metros nas suas costas.

Martim Fernandes esteve muito perto de imitar Kayode, com uma forte cabeçada junto ao segundo poste, mas Mastrantonio estava no sítio certo para segurar a vantagem italiana. Portugal já conseguia chegar ao último terço, mas nesta altura já estava muito congestionado. Kayode já não subia e a linha de cinco passava a ser uma realidade constante, com outros cinco jogadores à frente e apenas Vignato preparado para fugir nas costas dos portugueses. O jogador de origem brasileira teve mais uma oportunidade soberana para matar o jogo, mas Gonçalo Ribeiro defendeu e deu nova vida à esperança dos portugueses.

Joaquim Milheiro, muito irritado junto à linha, foi reforçando o ataque com as sucessivas entradas de Herculano, Miguel Falé e até de Luís Gomes, central adaptado a ponta de lança. Portugal carregou com tudo nos instantes finais e ficou a centímetros do empate, já em tempo de compensação, com um remate de primeira de Herculano que passou perto do poste.

Depois de quatro jogos de grande qualidade, Portugal deitou tudo a perder no jogo decisivo, diante de uma Itália que volta a ganhar uma final a Portugal, como em 2003, depois de ter perdido outra em 2018.