U-A-U!
Que dia, senhoras e senhores.
Escrevia esta noite nas redes sociais Julio Maldonado, um conceituado jornalista espanhol, o seguinte: «Há gente que não gosta de futebol. Respeito, mas não entendo.»
Pois bem, na mouche, senhor Maldonado.
Esta segunda-feira, dia 28 de junho, ficará na história como um dos melhores da história dos Europeus, se não mesmo o melhor.
A tarde foi frenética em Copenhaga, no triunfo da Espanha frente à Croácia no prolongamento, por 5-3. A noite foi emocionante em Bucareste, no triunfo da Suíça frente à França, nos penáltis (pode ver aqui o filme e a ficha de jogo)
E é desse jogo que falamos.
Para a história, já sabemos, ficará Mbappé como réu e Yann Sommer como herói. Mas há tanto mais para contar.
Desde logo, a forma como a França teve dificuldades em controlar a largura ofensiva da Suíça, provocada essencialmente pelos alas, Widmer e Zuber – que exibição.
Foi por Zuber, do lado esquerdo, que nasceu o primeiro golo suíço. O cruzamento do jogador do Eintracht Frankfurt foi bom, a finalização do benfiquista Seferovic foi ainda melhor.
15 minutos jogados, e o primeiro balde de água fria caía sobre os franceses, que não conseguiram secar durante toda a primeira parte.
Deschamps desfez o sistema de três centrais e voltou ao 4x3x3, mas nem isso foi suficiente para mudar a cara gaulesa nos primeiros 45 minutos. Só Rabiot, de longa distância, conseguiu assustar Sommer.
Suíços abanaram, mas não caíram
A Suíça, por seu turno, continuou confortável em campo. Com um Steven Zuber endiabrado. Depois da assistência, o esquerdino conquistou com inteligência um penálti no início da etapa complementar. Ricardo Rodríguez teve o jogo no bolso, mas permitiu a defesa de Lloris.
E a Suíça abanou, ao ponto de quase desmoronar.
Dois minutos depois do castigo máximo desperdiçado, a classe de Benzema empatou o jogo, num lance desenhado com Mbappé e Griezmann. Estávamos nos 57 minutos. Ainda antes da hora de jogo, o mesmo trio voltou a cozinhar o 2-1, finalizado novamente por Karim.
À força coletiva demosntrada pela Suíça na primeira parte, a França respondeu com talento. Afinal, é a seleção mais abastada do Euro 2020 nesse aspecto.
E por falar em talento, Paul Pogba também quis escrever a história do jogo e fez o golo da noite a 15 minutos do fim, com uma verdadeira obra de arte. Patrício negou-lha na partida frente a Portugal, desta vez Sommer não conseguiu fazer o mesmo.
Uma alma muito maior do que onze metros
Mas a alma desta Suíça vai muito para lá dos onze metros.
O selecionador Vladimir Petkovic refrescou a equipa e colheu os frutos dessas mudanças. Mbabu substituiu Widmer no lado direito e assistiu Seferovic para o bis do suíço, de cabeça: a nove minutos do fim, a Suíça voltava a acreditar.
Em cima dos 90, foi outra cartada de Petkovic a dar frutos, Mehmedi de seu nome, que levou o jogo para prolongamento com um remate colocadíssimo.
90 minutos emocionantes e intensos, e a campeã do Mundo França posta à prova como ainda não se tinha visto.
Muito coração para os 30 minutos extra, mas pouco futebol. O cansaço era muito e o discernimento, naturalmente, foi desaparecendo. Os penáltis eram uma inevitabilidade.
Aí, vão dizer, Kylian Mbappé foi réu e Sommer herói. Mas há muito mais para contar depois de uma noite destas, histórica para a Suíça – que vai agora defrontar a Espanha – e amarga para a França.
O futebol, esse, relembra-nos sempre porque é o desporto rei. Respeitamos quem não percebe isso, mas não entendemos.