Oito dias depois do «adeus», Eusébio continua bem presente no Estádio da Luz, agora eternizado numa verdadeira «cápsula do tempo» em que se transformou a proteção ao mausoléu da estátua. Em dia de clássico, era obrigatório passar por ali e registar o momento para posteridade junto ao «Rei» com milhares de fotografias que, certamente, vão inundar as redes sociais ao longo deste domingo que, tal como o último, o das lágrimas, é marcado por chuva intensa.

A estátua voltou a estar à vista de todos, agora protegida por uma campânula de vidro e acrílico, sustentada por uma discreta estrutura de metal, que expõe não só a escultura histórica do Pantera Negra, como todas as relíquias que os adeptos foram acumulando em seu redor, no dia em que chegou a triste notícia. O monumento ganhou dimensão com as centenas de testemunhos espontâneos que Luís Filipe Vieira decidiu guardar para a eternidade com uma obra em tempo recorde.

Muito cachecóis, a maioria do Benfica obviamente. Mas também da Seleção Nacional e, de forma mais discreta, do Sporting e do FC Porto. Mas também do Belenenses, Boavista, V. Guimarães, Académica e Sertanenense. Um grupo de franceses fica preso a um cachecol do Saint. Étienne e há também símbolos do Liverpool e do Real Madrid à vista. Em plano de destaque está uma pantera negra, em tamanho natural, a lembrar o segundo nome que Eusébio ganhou no Mundial de 1966.

Por cima dos cachecóis, podem-se ler muitas mensagens deixadas pelos adeptos no domingo anterior. Algumas delas manchadas pelos pingos da chuva no período em que estiveram expostas, muitas a recordar que o «Rei» foi a enterrar no dia de Reis. Algumas a lamentar a partida do Pantera Negra, mas a maioria a deixar um simples «obrigado». E muitos cartões de sócios, a maioria caducados, placas e azulejos alusivos a Eusébio.

A forma do monumento permitia aos adeptos ir circulando em redor, com pequenas paragens para apontar um ou outro pormenor curioso, como uma bola dos anos sessenta ou uma camisola de um árbitro. Um movimento sempre alimentado pela chegada de mais adeptos , pouco incomodados com a chuva que ia caindo cada vez com mais persistência.

Um movimento sempre em crescendo até às 14 horas, altura em que se abriram as portas do estádio. A homenagem prosseguiu depois nas bancadas que, em dia de clássico com o FC Porto, encheram-se para mais um adeus a Eusébio.