Jesualdo Ferreira é um homem de convicções fortes e de ideias rígidas. Os mal intencionados chamarão a isso teimosia; os defensores replicarão com os adjectivos «conservador» ou «decidido». Objectivamente, o técnico do F.C. Porto é um seguidor do 4x3x3 e só em casos extremos (a lesão de Lucho e respectiva opção por Mariano) admite alterar essa estrutura.
Essa convicção, teimosia ou consciência ¿ escolha o leitor ¿ é arrastada também para a hora de escolher os jogadores. O técnico lima as suas ideias durante a pré-temporada e depois de apostar num determinado atleta é capaz de defendê-lo até ao limite. Uma vez mais, só em situações agudas (veja-se o caso de Nelson Benítez), Jesualdo é forçado a emendar a mão.
Daí que não seja tarefa complicada encontrar a equipa-tipo do F.C. Porto versão-2008/09. Na baliza, Helton apenas por três vezes não esteve entre os postes. Nuno Espírito Santo teve a oportunidade de provar, uma vez mais, valor para ser o número um mas não passou com distinção no teste.
Na defesa, Sapunaru começou como primeira opção, em face da lesão de Fucile, mas mostrou sinais preocupantes de desadaptação e insegurança. O uruguaio regressou, mas em Fevereiro voltou a lesionar-se e a dar a vez ao romeno. Que, dessa vez, aproveitou a confiança de Jesualdo Ferreiro. Até se lesionar e voltar a abrir a porta da equipa a Fucile. Nesta concorrência salomónica, o sul-americano acabou por somar mais minutos.
E se o lado esquerdo da defensiva apenas estabilizou com a chegada de Aly Cissokho, no eixo central Bruno Alves e Rolando não deram hipóteses à concorrência.
Fernando e Hulk, as surpresas
Do meio-campo para a frente as opções estabilizaram com naturalidade. A maior dúvida no início da época residia no nome do sucessor de Paulo Assunção. Fernando, com surpreendente qualidade, dissipou todas as reservas de forma gradual. Lucho Gonzalez e Raul Meireles mantiveram os papéis preponderantes que têm encarnado nas últimas épocas.
No trio de ataque, Cristian Rodríguez foi a opção óbvia para suceder a Ricardo Quaresma. Menos expectável foi o assombro de Hulk. O brasileiro iniciou a temporada algo timidamente, passou várias vezes pelo banco de suplentes, estreou-se a titular à sexta jornada e estabeleceu-se em definitivo entre as primeiras escolhas a partir da nona ronda. Lisandro, com menos golos mas a mesma influência do passado, continuou a ser o mais requisitado dos atacantes.
Mariano Gonzalez foi uma espécie de 12º jogador, extremamente útil e regularmente chamado por Jesualdo; Farías manteve o papel de herói ocasional, surgindo e desaparecendo das opções.
Equipa-tipo do F.C. Porto 2008/09:
Helton; Jorge Fucile, Rolando, Bruno Alves e Aly Cissokho; Fernando, Lucho Gonzalez e Raul Meireles; Hulk, Lisandro López e Cristian Rodríguez.