Coincidências. Tantas coincidências. A saída de Victor Fernández do F.C. Porto tem enormes pontos de contacto com a situação vivida há precisamente três anos, quando Octávio Machado foi destituído do cargo de treinador, acabando por ser substituído por José Mourinho. Até neste último pormenor existem ligações, pois José Couceiro vê precipitada a sua ida para a cidade Invicta antes do previsto.
Há três anos a equipa também não atravessava um bom momento, mas as circunstâncias eram diferentes. Isto porque, depois de um início de época fulgurante, a equipa começou a ceder no campeonato e na Liga dos Campeões, acabando por ser eliminada da Taça de Portugal. A insatisfação dos adeptos era enorme e fazia-se sentir com muitos lenços brancos a surgirem nas bancadas do Estádio das Antas, apesar de ter sido conquistada a Supertaça Nacional nos primeiros dias de Agosto.
Tal como acontece agora, há um momento que marca a viragem: o encontro dos Dragões de Espinho, com um jantar no Casino. A 8 de Janeiro de 2002, quando se dizia que Octávio já não era treinador do F.C. Porto, este viria a marcar presença na festa, juntamente com os administradores Fernando Gomes e Reinaldo Teles, afirmando-se como treinador no activo da equipa tripeira. Treze dias depois, o resultado foi o despedimento. Desta vez, o encontro em Espinho não tem Victor Fernández, mas regista a saída do treinador, com Pinto da Costa a ser o único representante da SAD, juntamente com os «capitães» Jorge Costa, Pedro Emanuel e Costinha.
Há três anos foi a eliminação da Taça de Portugal, em casa, com o Braga, que forçou os dirigentes a tomarem uma decisão (embora só depois de perder com o Boavista, uns dias depois, é que Octávio foi despedido). Agora, é nova derrota caseira com os arsenalistas a levar Pinto da Costa a alterar a estrutura técnica. De lá para cá subsistiram no plantel apenas Vítor Baía, Hélder Postiga, Costinha e Ricardo Costa, que voltam a viver um período de grande estabilidade.
As datas que ditaram a mudança são muito parecidas. Octávio perdeu com o Braga a 16 de Janeiro e com o Boavista a 20, tendo sido despedido no dia seguinte; Fernández perdeu com o Braga a 30 do mesmo mês e é despedido também no dia seguinte, não lhe valendo a passagem aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e a conquista da Taça Intercontinental. Janeiro, um mês brutal, Fevereiro sinal de renovação. Com Mourinho, como com Couceiro. Resta saber se os resultados irão ser semelhantes.