Incrível ou «hat-trick» Hulk? Fica a sugestão, aguardando novos episódios da série goleadora do avançado brasileiro. Três golos de bola parada na recepção ao Genk (4-2), confirmando a presença do F.C. Porto na fase de grupos da Liga Europa. Vossen bisou sem equilibrar a eliminatória (7-2 no total). Fernando, mais ofensivo que nunca, completou a cena.

A delicadeza do tema motiva algum recato. Contudo, quando a homenagem toca o coração dos adeptos, que nem acompanharam os passos da criança em questão, merece entrar na história. A história do Incrível Hulk, uma corrida pessoal rumo à baliza contrária, com propósito nobre.

Hulk falhara o Genk pela morte da sobrinha. Viajou para o Brasil sem esconder a tristeza. O F.C. Porto, sensibilizado, deu-lhe todo o tempo do Mundo e dedicou-lhe o triunfo na Bélgica. Com a eliminatória resolvida, o brasileiro voltou aos relvados. Correu, fintou, falhou até marcar o golo que tanto procurara. Perdeu um castigo máximo mas terminou o jogo com um «hat-trick».

A surpresa e a dedicatória

As lágrimas vindas do céu, em forma de chuva, caíram no rosto de Hulk quando ele marcou o primeiro (37m), ergueu as mãos e dedicou o momento à sobrinha malograda. Para trás, ficara um penalty falhado, por si conquistado, e um golo do Genk que surpreendeu o Dragão.

A análise parece redutora, mas para quem não viu, acredite que tudo andou à volta deste Incrível com nome de herói de banda desenhada. Vossen, que marcara em antecipação a Rolando (22m), baixava a cabeça perante a incapacidade para igualar o adversário directo.

Hulk foi pela direita e pelo centro, pegou na bola e tentou criar. Porém, o «hat-trick» chegaria com o esférico imóvel. Em dois castigos máximos e igual número de livres directos, o internacional brasileiro marcou três golos. No segundo penalty (59m), provou que não é só matéria bruta. Atirou em jeito e não em força. Antes e depois (63m), de bola parada, recorreu à violência para bater Koteles.

Otamendi a ver, centrais a tremer

O F.C. Porto apresentou mais três novidades. Beto discreto na baliza (as redes portistas balançaram pela primeira vez, esta época), Souza em bom plano no apoio a Fernando, Ruben Micael sem brilhar na zona de construção. Hulk regressou ao onze e encaixou num 4x4x2 apresentado como sistema alternativo.

O Genk, com 0-3 na eliminatória, veio com equipa de recurso. Mudaram-se alguns nomes, sem afectar a determinação. A defesa portista tremeu e voltou a denotar alguma desconcentração. Com Otamendi, o internacional argentino que sucede a Bruno Alves, a ver.

Otamendi assistiu ao jogo, a par de 33.512 espectadores. Não houve transmissão televisiva, porque a aposta passa por um Dragão cheio e as propostas não compensavam. Assim, nem todos viram o tento inaugural de Vossen. Nem o penalty falhado logo depois por Hulk. Nem a compensação do brasileiro (37m), a garantir a igualdade com um pontapé rasteiro e potente, na conversão de um livre directo.

Fernando também marca

O F.C. Porto regressou das cabines com 1-1 no marcador e o 4x2x3x1 no papel. Souza aproximou-se de Fernando, o médio defensivo que andava demasiado afastado da baliza contrária. Aliás, nunca marcara com a camisola portista, em jogos oficiais. Deixou a promessa frente ao Ajax e fez a festa na recepção ao Genk, com mais um pontapé de longe, desta vez com culpas para Koteles.

Bola cá, bola lá, a vantagem azul e branca durou escassos quatro minutos. O golo do empate de Vossen (57m) durou muito menos. Segundos após bom voo do avançado, em mais uma antecipação aos centrais portistas, Moutinho conquistou um castigo máximo e permitiu o bis de Hulk. Com a sobrinha na memória do Incrível e a fase de grupos no horizonte do F.C. Porto, o «hat-trick» do brasileiro não foi mais que um belo final de festa. Nova bomba, de livre, com a ajuda do guarda-redes do Genk. 7-2 na eliminatória. Categórico.