A figura: João Moutinho

Está de volta o melhor Moutinho? 45 minutos podem não ser suficientes para afastar os fantasmas recentes, mas a exibição do internacional português ajuda a reconstruir o guerreiro do meio campo portista. O destaque, de resto, estende-se a todas as «segundas opções» de Vítor Pereira. É que James trouxe a classe que Hulk não conseguiu dar e Kléber...marcou, o que é de assinalar. Mas foi Moutinho quem mais mexeu com o futebol da equipa, iniciando a jogada do segundo golo e apontando o terceiro, num bom pontapé. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos. É que foi precisamente uma ressurreição a dar azo à velha máxima: ver para crer.

A desilusão: Hulk

Passou ao lado do jogo e os adeptos não lhe perdoaram. Um par de toques em habilidade estão muito longe de ser suficientes para acalmar uma plateia impaciente. Pelo contrário, com isso Hulk apenas conseguiu acirrar ainda mais os ânimos, numa altura em que se pedia futebol prático e cabeça para desmontar o dique que os «castores» construíram em frente à baliza de Cássio. A ovação de satisfação que o Dragão mostrou quando se levantou a placa com o número 12, antes de entrar James, é sintomática: quando a equipa não rende, os adeptos não têm paciência para Hulk. E a ida para o balneário, pintada de assobios, não ajuda nada um jogador que está, claramente, abaixo da sua melhor forma.

O momento: Um golo para os apanhados

Minuto 45. Adeptos sem paciência, F.C. Porto sem arte para desbloquear o jogo. Até que Álvaro Pereira surge solto na esquerda e tenta assistir Walter. Não conseguiu e deu golo. O golo mais caricato do campeonato, porventura. A atrapalhação de Luisinho e Melgarejo, perante a sombra de Walter, fez um grande favor à equipa de Vítor Pereira.

Outros destaques:

Varela

O jogo do resgate. Sem marcar, fez, ainda assim, a sua melhor exibição da época. A troca de James por Varela foi uma das mais contestadas pelos adeptos do F.C. Porto, mas a verdade é que o extremo português dá ao futebol da equipa o que James não consegue: largura. O colombiano, mais tecnicista, foge muito para o centro, em busca de um espaço para decidir. Varela, pelo contrário, é um extremo vertical e um apoio de qualidade para Álvaro Pereira que, com ele, pode subir mais no terreno e não precisa cruzar tão de trás. Foi o melhor em campo para os adeptos do Dragão, porque tentou sempre ser mais solução do que problema, porque não inventou, porque foi, de longe, o mais esclarecido na primeira parte e porque, quando os músculos começaram a ceder, não perdeu discernimento.

Mangala

Irrepreensível. O F.C. Porto está a ganhar um central com este jovem francês que chegou com algumas desconfianças à mistura, mas um curriculum que falava por si. É o único central do grupo que joga com o pé esquerdo. Mais um ponto a seu favor. A Liga dos Campeões pode ser o seu teste definitivo

Kléber

Já é o melhor marcador da equipa. O dado pode estar perdido entre um estilo que ainda não convence, mas a um avançado pedem-se golos e Kléber já leva cinco golos no campeonato. O número não é estrondoso, mas para época de estreia não está nada mau.

Cássio

Segurou a esperança pacense até onde pôde. As defesas ao cabeceamento de Belluschi e, sobretudo, ao remate de Varela, ainda na primeira parte, ajudaram a enervar o F.C.Porto, já que Cássio é daqueles guarda-redes que, em dia sim, é muito difícil de bater. A «traição» engendrada por Luisinho e Melgarejo estragou-lhe a noite

Melgarejo

Podia ter sido figura pelos melhores motivos, tivesse concretizado um dos lances que ganhou nas costas a Sapunaru. Acabou por marcar...na baliza errada, num lance com culpas partilhadas com Luisinho e que ajudou o F.C. Porto a desbloquear jogo. No dia em que recebeu a boa nova da chamada à selecção do Paraguai esperaria melhor serão.