De repente, o reino do leão sofreu enorme abalo. Coisa própria do futebol, pois como sempre me ensinaram a dizer, este jogo é diferente de quase todos os outros e não é como a matemática. Mas será que as coisas próprias do jogo – caso Doyen à parte – são motivos suficientes para que os leões entrem em descrença? Não me parece, até porque no início do ano, com todo o respeito que o novo líder me merece, pelo facto de jogar no seu ambiente, a situação pode voltar a ser favorável a Jorge Jesus e companhia.

Quadra de que tantos gostam - uns pelo consumismo, outros porque podem dar azo total à hipocrisia, mas onde, por força das patifarias a que somos sistematicamente sujeitos, cada vez se dá mais corpo à amizade e solidariedade - o Natal, não é, de verdade, favorável aos leões. Parecia que este ano, por aquilo que vinha sendo implementado, o Natal teria mais tons verdes do que o habitual, mas não. Manteve-se a tradição e é de azul e branco que está pintada a árvore natalícia do futebol.

Já na Taça de Portugal, naquele que foi, seguramente, o melhor jogo, a todos os níveis, até agora disputado entre nós, os leões não conseguiram dar a volta a um Sp. Braga empertigado e disposto a retificar o resultado negativo da final do Jamor no Verão passado. E sendo verdade que depois de revistas as imagens se pode dizer que a arbitragem prejudicou os de Alvalade (atenção que disse revistas as imagens), a verdade é que os minhotos também foram justos vencedores ficando por terra a possibilidade do Sporting defender o título conquistado.

Porém, o que ninguém esperava é que a formação sportinguista baqueasse na deslocação à Madeira, frente a um União que já havia cometido a proeza de tirar dois pontos ao candidato Benfica. É daqueles jogos que de vez em quando batem à porta dos grandes: o Sporting foi mais forte, atacou mais, teve mais bola, falhou montes de chances, mas na hora h… Danilo Dias abateu inapelavelmente o leão e ofereceu a liderança ao FC Porto, com quem os unionistas tinham «apanhado» quatro bananas, num jogo sem espinhas.

Assim sendo, por aquilo que vinha fazendo, merecia, ou não, o Sporting um Natal mais doce? Sem menosprezo por aquilo que tem sido feito pelos outros candidatos, particularmente o FC Porto, embora o Benfica, aqui e ali, dê mostras de querer endireitar-se, a verdade é que o clube de Alvalade justificava uma quadra natalícia de sorriso rasgado. Mas, também acho, e tem essa possibilidade do seu lado, que pode perfeitamente regressar ao topo a 2 de Janeiro. Tudo depende de si e dos portistas também, é certo, podendo transformar o Natal numa festa de Reis.

E como não há duas sem três, como diz o ditado, veio lá de fora o terceiro desaire, mas confesso não ter ficado assim tão espantado. Pode argumentar o presidente dos leões como quiser, mas contratos assinados - eventualmente mal assinados, aceito - são para cumprir. Se o que estava estipulado era aquilo, como entidade de bem o Sporting tem de pagar. Com sangue, suor e lágrimas, muitos custos e se calhar um futuro mais difícil, mas não há nada a fazer.

PS1: o afastamento, por oito anos, de Blatter e Platini vem, infelizmente, ao encontro daquilo que muitos suspeitavam: campeiam os favorecimentos e a corrupção nos corredores das instituições que deviam regular o futebol mundial e europeu. E vindo daí esses exemplos, ninguém pode ficar admirado que na base de pirâmide aconteçam coisas estranhas. Pessoalmente, espero, nos anos em que ainda cá andar, que as duas figuras nunca mais se cruzem com quem ainda gosta do jogo.

PS2: é impossível os portugueses terem um bom Natal, tantas são as agressões de que têm sido alvo. A última, que também me vai tocar pela porta, diz respeito ao Banif, depois de tudo o que se passou com outros bancos. E o mais grave é que parece que a borrasca não fica por aqui… Por isso estou com aquele compatriota que disse na televisão «e ninguém os leva presos…». Perante tal cenário, caro leitor, tenha o melhor Natal que puder.