Um pé esquerdo, um tiro de longe. Camisolas amarelas a dançar depois. Onde é que eu já vi isto? Lembras-te, Stipe? Há oito anos, foi o… Kaká. O Kaká, é isso! Rematou com o outro-pé, aquele que não costuma usar tanto, e estiquei-me, estiquei-me, mas a bola entrou. Foi tão perto do ângulo… Nem que tivesse dois metros… Só se fosse bruxo e já estivesse lá à espera, encostado ao pau. Ficou 1-0, perdemos na estreia, em Berlim. Agora, ali, naquela zona não! Não fecharam o Neymar a tempo. Faltou uma falta, pá. Não podiam ter deixado. E eu lancei-me tarde, agora vão julgar que com 35 anos estou velho. Eu que sou o «Polvo», que me chamaram isso logo nos primeiros tempos. Eu que era conhecido pelos meus reflexos. Pelos meus longos braços. Hobotnica! Raios! A bola veio devagar, não sei se fui tarde ou com pouca convicção, e agora vão somar esse golo ao terceiro, aquela biqueirada do Óscar. Não estava à espera, um craque como ele não finaliza assim. É pecado, ou devia ser! Custou-me atirar de imediato, os rins não reagiram como antes. Os dois somados são um frango, um frango aos 35 anos, um frango ressequido com mais de 110 internacionalizações. Até o penálti. Era só juntar as mãos e ficar firme. Raios! E o Subasic a crescer, a crescer…
 

«Não crucifiquem mais o Barbosa» é um espaço de opinião/crónica da autoria de Luís Mateus, subdiretor do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo. O jornalista é também responsável pelas crónicas de «Era Capaz de Viver na Bombonera», publicadas quinzenalmente na MFTotal. Pode segui-lo no Twitter ou no Facebook.