Faltam exatamente 250 dias para o arranque do Mundial-2014. Pela segunda vez, o Brasil vai organizar um Campeonato de Mundo de futebol, algo que não acontece há 63 anos, desde 1950.

A 12 de junho de 2014, tem início o quarto Mundial de futebol do século XXI, depois da organização conjunta Coreia do Sul/Japão (2002), Alemanha (2006) e África do Sul (2010).

Na contagem decrescente para a grande competição, sobram algumas dúvidas sobre o modo com alguns estádios estarão em condições de responder às exigências de um evento de dimensão mundial. Mas em relação às datas de inauguração dos 12 recintos que acolherão jogos, a situação já esteve pior.

Seis dos 12 estádios já acolheram o ensaio geral, que foi, entre 15 e 30 de junho deste ano, a Taça das Confederações. Foram os casos do novo Mineirão (Belo Horizonte), Estádio Nacional Mané Garrincha (Brasília), Arena Castelão (Fortaleza), Arena Pernambuco (Recife), Arena Fonte Nova (Salvador) e Maracanã (Rio de Janeiro, palco da final da Confederações e que também acolherá o jogo decisivo do Mundial).

Faltam, por isso, estrear os outros seis do lote escolhido: Arena Pantanal (Cuiabá), Arena da Baixada (Curitiba), Arena Amazônia (Manaus), Estádio Beira-Rio (Porto Alegre), Estádio das Dunas (Natal) e o Arena Corinthians (São Paulo, palco da abertura da prova, a 12 de junho de 2014).

Entre esses seis estádios que faltam terminar, há fortes dúvidas em relação aos prazos que a FIFA exige para entrega. Isto porque o órgão que manda no futebol mundial pretende um espaço de seis meses para realizar eventos-teste, antes do arranque do Mundial-2014.

Em quatro casos (Baixada, Pantanal, Amazônia e Beira-Rio), será muito improvável que tudo esteja concluído até ao final do ano. O caso do Arena da Baixada (que acolherá quatro partidas do Mundial) será o mais preocupante, tendo em conta a paralisação das obras por motivos de segurança para os operários, na sequência de mais de 200 questões levantadas pelo Grupo Móvel de Auditoria de Condições de Trabalho em Obras de Infraestrutura.

Em relação ao Arena Corinthians e ao Arena das Dunas, é de admitir que se consiga cumprir o prazo de entrega à FIFA com seis meses de antecedência em relação ao arranque do Mundial.

O maior dos 12 estádios é o Maracanã, com capacidade para 73.531 espetadores. A maior parte tem uma capacidade entre 47 mil e 60 mil espetadores.

A experiência na Confederações mostrou, em termos gerais, duas coisas: com mais ou menos perfeição, a parte infra-estrutural será cumprida, mas no ponto de vista da qualidade dos serviços e na fiabilidade dos acessos e das ligações aos estádios, o Mundial-2014 está longe de ser uma garantia para a FIFA.

Exorcizar os fantasmas da contestação

A Confederações constituiu, também, o primeiro grande sinal de alarme para os riscos que um Mundial-2014 no Brasil pode comportar.

A violência das manifestações contra os gastos das duas provas, e a forma como foram contrapostos com as dificuldades de muitos milhões brasileiros, apanhou a organização de surpresa. E causou óbvios motivos de desconforto para Blatter e a sua equipa.

Mas a verdade é que, meses depois desse momento de contestação inesperada, a FIFA tem deixado claro que nunca equacionou a retirada da organização do Mundial-2014 ao Brasil.

Isto apesar de ter chegado mesmo a haver um clima de tensão entre a FIFA e as autoridades brasileiras, levado ao extremo no dia da final da Confederações, 30 de junho, quando a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, optou por não comparecer na final entre Brasil e Espanha, deixando a Blatter o maior risco de exposição, em clima de profunda contestação contra a FIFA e o Mundial no Brasil.

Jerome Valcke, número dois de Blatter, tem-se mostrado, nas visitas de controlo que faz aos estádios e às cidades-sede, exigente no cumprimento dos pressupostos, mas otimista em relação ao quadro geral.

A prioridade para a FIFA é diminuir os sinais de contestação em relação à organização brasileira e, ao mesmo tempo, pressionar o Comité Organizador Local a não permitir as cidades-sede a facilitarem nos prazos finais.

Sucesso na procura de bilhetes

Na procura de bilhetes, tem sido um volume impressionante, que está a surpreender a própria organização: a FIFA já recebeu mais 4,5 milhões de pedidos para ingressos para os jogos. A final e as partidas do Brasil são, como se esperava, os encontros mais desejados. A seguir ao Brasil, os países onde a procura é maior são Argentina e Estados Unidos, entre mais de 200 países que já enviaram pedidos.

Mais de 150 mil voluntários inscritos

Esta marca de 250 dias é atingida numa altura em que acelera o processo de inscrição de voluntários. A segunda fase, que encerrou ontem, terminou com um aumento de 20% no número de candidatos, que já vai num total de 152.501 (depois de 26.561 pessoas terem aderido neste período, com forte participação de quem mora fora das 12 cidades-sede).
Essa marca representa mais do que o dobro de candidatos da Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 (70 mil) e mais do que o triplo da Copa do Mundo da FIFA Alemanha 2006 (45 mil).

O sorteio da fase de grupos do Mundial-2014 está marcado para o próximo dia 6 de dezembro.

Recorde o que o Maisfutebol escreveu quando faltavam 400 dias e quando ainda estávamos a 500 dias do arranque do grande certame do próximo ano.