Durante muitos meses ninguém conseguiu perceber o que se passava com Nabil Ghilas, jogador contratado por muitos milhões de euros ao Moreirense e que raramente era utilizado no FC Porto. Paulo Fonseca não confiava no avançado, colocava-o poucos minutos em campo e o argelino tardava em mostrar qualidades de dragão ao peito. Questionava-se a sua qualidade, se efetivamente era uma opção para o ataque.

Durante sete meses o avançado jogou em média menos de dez minutos na Liga, foi entrando um pouco mais cedo noutras competições e chegou a fazer um jogo na equipa B (contra o Sporting). Com a saída de Paulo Fonseca muita coisa mudou e também para o lado do argelino, que passou a ter mais oportunidades com Luís Castro.

Os números são demasiado evidentes:

GHILAS COM PAULO FONSECA
Jogos em todas as competições: 21
Média de minutos por jogo: 25,9
Titular: 4 vezes
Percentagem de jogos a titular: 19%
Jogos na Liga: 9
Titular: 1 (V. Guimarães, o último de Paulo Fonseca)
Média de minutos por jogo: 16,8 (passa a 7,6 se excluído o último jogo, em que fez 90 minutos)
Golos: 2 (Estoril e E. Frankfurt)
Assistências: 0
Tempo máximo de jogo ao lado de Jackson Martinez: 36 minutos

GHILAS COM LUÍS CASTRO
Jogos em todas as competições: 9
Média de minutos por jogo: 34,6
Titular: 2 vezes
Percentagem de jogos a titular: 22,2%
Jogos na Liga: 5
Titular: 2
Média de minutos por jogo: 45,6
Golos: 2 (Nápoles e Académica)
Assistências: 3 (Arouca, Nacional e Académica)
Tempo máximo de jogo ao lado de Jackson Martinez: 90 minutos

Torna-se claro que, de facto, o argelino foi uma opção desperdiçada de forma gritante por Paulo Fonseca ao longo do tempo em que esteve à frente da equipa técnica do FC Porto. Com Luís Castro Ghilas não só marcou o seu primeiro golo no campeonato, como passou a jogar muito mais minutos e até já fez várias assistências (3). Aliás, passou mesmo a ter apenas menos uma do que Josué, que é o portista com mais assistências na Liga.

O atual técnico agradece a disponibilidade do avançado. «Fez o que tinha a fazer. Faz parte de um coletivo. O Ghilas pode fazer qualquer uma das posições da frente. Já tinha jogado anteriormente com o Jackson e pode fazê-lo novamente», abordou no final do encontro com a Académica.

Esta é outra componente raramente trabalhada na equipa antes da mudança de treinador. Se até à saída de Paulo Fonseca o argelino tinha jogado no máximo 36 minutos ao lado de Jackson Martinez (e nunca no campeonato, porque aconteceu na Taça da Liga com o Penafiel e na Liga Europa com o Eintracht Frankfurt), com Luís Castro chegou a fazer 90 minutos (com o Belenenses) e este domingo com a Académica fez 68 porque o treinador quis substitui-lo mais cedo para o poupar para Sevilha. Juntos a titulares só mesmo com o novo treinador.

Ghilas aproveitou as oportunidades de Castro para provar que também pode vir a ser solução para substituir Jackson Martinez, sendo que terá o maior teste de fogo já na próxima quinta-feira, na Liga Europa, em Sevilha. Com o colombiano castigado, o argelino vai ser titular e terá de provar que consegue garantir golos para a equipa num jogo crucial tendo em vista a perseguição do principal objetivo remanescente para esta época: conquistar a competição europeia.