[artigo atualizado]

Conhecido como Dr. Milagres, Paulo Araújo trabalhou com a equipa principal do FC Porto na época 2021/22, na qual pôde conhecer por dentro como trabalha a estrutura profissional de futebol dos dragões.

Em entrevista ao podcast Final Cut, o responsável clínico considerou que Sérgio Conceição tem um papel global no dia a dia dos azuis e brancos, e que por isso «falta-lhe a tranquilidade que a estrutura não lhe dá».

«Posso dizer, como sócio e adepto do FC Porto, que ao Sérgio falta-lhe a tranquilidade que a estrutura não lhe dá, e que o obriga a fazer coisas que não devia ser ele a fazer, para poder estar tranquilo e focado naquilo que é a especialidade dele, aquilo em que é top», começou por dizer.

«Quando vai para o campo, quando vai para o banco, já traz muita coisa da semana toda. Está a carregar o piano todo. Este homem tira água da pedra. Acho que é evidente para todos que o que ele faz com alguns jogadores é surreal», acrescentou.

O especialista em terapia chinesa partilhou ainda o tipo de trabalho que fazia com os jogadores portistas e explicou o motivo pelo qual deixou de trabalhar no clube.

«Saí porque... Como hei de dizer sem ferir. Prefiro que fique no segredo dos deuses. Havia uma antipatia com a minha presença, não da parte dos jogadores, nem da parte do técnico. Os jogadores queriam que eu continuasse, todos», referiu.

«Fiz, em estágio, 1153 tratamentos nesse ano. Preparava os jogadores para o jogo, aumentava o oxigénio dentro do organismo, retirava a fadiga e à noite, quando saíam do jantar, subiam para a minha sala. Picava-os de forma a irem dormir tranquilos. O sono era tranquilo, acordavam bem, depois pegava neles novamente e retirava a fadiga. Nessa época, toda a gente viu o que a equipa corria. Durante 90 minutos era uma equipa consistente e forte. O trabalho com o departamento de fisiologia foi fantástico, eles passavam a informação para corrigir. Foi sempre feito um trabalho em equipa com o staff do mister Conceição. Não era preciso falar muito comigo, porque temos uma coisa em comum: gostamos de ganhar, cada um na sua área. Bastou-me a primeira conversa que tive com ele. Sempre que precisou de algo, só teve de dizer o que queria. Até pegava jogadores às 3 da manhã. Pegava neles após o jogo, ficava com eles na minha escola de madrugada e às 7 ou 8 da manhã estavam lá novamente para prepará-los para jogo», continuou.

Paulo Araújo revelou ainda que o mais recente jogador de renome com quem trabalho foi Rafael Leão, internacional português do Milan que o contactou na véspera das meias-finais da Liga dos Campeões da época passada, frente ao Inter.

«O Rafa [Leão] teve uma rotura no adutor de 14 centímetros e sete dias depois jogava contra o Inter […] e daí para cá não mais se lesionou.»