Com os principais europeus a mexerem-se por antecipação (Bony no Man. City, Lucas Silva e Odegaard no Real Madrid) ou a ficarem quietos por necessidade ou opção (Barcelona, Bayern, Manchester United, Liverpool) coube ao Chelsea fazer o papel de animador de um último dia de mercado que, desta vez, teve muita parra – leia-se, expectativa – para poucas uvas – ou contratações com real impacto.

Entre as exceções, há uma que afeta as ambições europeias do Sporting, já que a chegada de Andreas Schürrle ao Wolfsburgo torna ainda mais forte o próximo adversário dos leões na Liga Europa. Foi o culminar de uma semana perfeita para Vieirinha e companhia, depois da goleada imposta ao Bayern na última sexta-feira.

A Stamford Bridge, por troca com um campeão do Mundo com pouco espaço no onze, chegou outra estrela do último Mundial, o colombiano Cuadrado, líder da tabela de assistências e um amor antigo de Mourinho. Mesmo sem números oficiais, é consensual, entre a imprensa inglesa, alemã e italiana, que a saída do alemão rendeu aos «blues» um pouco menos – cerca de 30 milhões de euros – do que custou a compra de Cuadrado – 35 milhões, mais o empréstimo de Salah.

Considerando que Schürrle chegou no verão de 2013 por cerca de 22 milhões, a balança comercial mantém-se equilibrada para os «blues» que, no último ano e meio, encaixaram mais de 220 milhões de euros em vendas, com as saídas de David Luiz, Mata, Lukaku, De Bruyne e Schürrle como principais destaques. O investimento, esse, foi algo superior: 280 milhões, dos quais metade na época em curso, com Cuadrado como sexta e última joia da coroa, depois de Fábregas, Diego Costa, Filipe Luís, Drogba e Rémy.



Refira-se, entretanto, que a venda de Cuadrado não bateu o recorde de transferências da Fiorentina, que continua desde o verão de 2001 na posse do português Rui Costa, quando se mudou para o Milan por 40 milhões. Outros tempos, esses, em que a Série A dava cartas na deteção de talentos e nas transferências milionárias. Atualmente, nenhum clube italiano tem capacidade para discutir transferências sonantes com os grandes de Inglaterra, Espanha ou mesmo Alemanha.

E isso viu-se neste dia de fecho, em que os italianos estiveram como habitualmente muito ativos, com o Ata Hotel, em Turim a ser palco de dezenas de pequenos negócios – mas nenhuma contratação, nem mesmo as que envolveram Juventus, Roma, Milan ou Inter, capaz de despertar mais do que um bocejo aos adeptos europeus.
 


O facto de o mercado de inverno ter sido pontuado pela parcimónia, e de não ter havido mais golpes sonantes a fechar o dia não invalida, ainda assim, que o total de transferências tenha superado os números anteriores: entre 1 de janeiro e 2 de fevereiro, foram quase 800 registos a dar entrada no sistema internacional de transferências da FIFA.

Sem surpresa, a Inglaterra continua a liderar no total investido e no número de negócios efetuados: 110, contra 77 da Alemanha e 71 da surpreendente Liga mexicana, que neste período foi a terceira mundial, em termos de investimentos e de volume de negócios. Os clubes mexicanos investiram mais de 40 milhões de euros neste período, triplicando os valores de referência das últimas duas épocas. Itália (65 transferências) e Grécia (60) também estiveram particularmente ativas, mas quase sempre em negócios de pequena dimensão. 

O mesmo aconteceu em Portugal, onde as vendas de Enzo Pérez e Bernardo Silva, com encaixe de 40 milhões, fizeram do Benfica exceção. Com Hernâni, o FC Porto conseguiu ao cair do pano uma contratação interessante numa escala interna, fora dos radares do FIFA TMS, enquanto o Sporting se limitou à troca de Maurício por Ewerton e aos escoamento de alguns excedentes, como Heldon e Slavchev.

Mesmo com o Bayern a não ir a jogo, a Liga alemã, com a competitividade entre os seus clubes mais equilibrada, investiu mais de 60 milhões de euros em contratações internacionais, um acréscimo de 22 por cento em relação ao ano passado. Por contraste, a Liga inglesa foi mais contida: mesmo fazendo mais negócios, gastou menos 15 por cento do que há um ano. Mas quem apertou mais significativamente os cordões à bolsa foi a França, com Mónaco e PSG à cabeça: apenas cerca de 20 milhões de euros nesta janela, uma quebra de 53 por cento em relação ao inverno de 2014.