O FC Porto-Feirense, que se disputa no próximo domingo (17h30), a contar para a jornada 8 da Liga, é um jogo de boas recordações para Nuno Manta.

Foi com um empate a uma bola em pleno Dragão, a 29 de dezembro de 2016, que o treinador da casa deixou de ser visto como solução de recurso e agarrou o lugar no comando técnico da equipa de Santa Maria da Feira.

Sérgio Semedo despediu-se do Feirense precisamente nesse empate a uma bola para a Taça da Liga, antes de rumar ao futebol cipriota (Apollon Limassol), e recorda como os jogadores foram determinantes para convencerem a direção a dar uma oportunidade ao então técnico interino.

«Ninguém pensou que o Nuno ia ter o impacto que teve. Vencemos o Paços de Ferreira em casa para o campeonato, depois empatámos no Dragão… E aí os jogadores mais experientes da equipa tiveram uma palavra a dizer: eu, o Barge, o Luís Rocha, o Vítor Bruno, o Cris… Os dirigentes falaram connosco e nós demos um parecer positivo sobre o trabalho dele. Ele apreciou o gesto. Sabe reconhecer que os jogadores o ajudaram nessa fase, mas foi sobretudo muito mérito dele ter conseguido manter-se até agora», recorda ao Maisfutebol o médio-defensivo cabo-verdiano de 30 anos, salientando a forma como Nuno Manta conquistou a equipa:

«Ele era preparador físico, um homem da casa, que trabalhava com as equipas secundárias… Ao assumir a equipa como treinador principal é normal que os jogadores tenham algumas reservas, mas, pelo trabalho que ele mostrou, começámos a encará-lo de outra maneira e a ver que ele podia ser uma solução. Teve ali a oportunidade e num período curto soube montar uma equipa aguerrida e organizada; e conquistou os jogadores, dando-lhes liberdade, mas também responsabilidade. Estávamos do lado dele.»

Sérgio Semedo em ação frente ao FC Porto, naquele que foi o seu último jogo com a camisola do Feirense

Semedo lembra-se da palestra daquele jogo em concreto no Dragão. O objetivo era «retardar ao máximo o golo do FC Porto», então orientado por Nuno Espírito Santo: «Jogando em casa, aquilo é uma avalancha ofensiva muito forte. Funciona também como um contrarrelógio. O tempo joga a nosso favor. E o Nuno Manta tentou jogar com essa situação.»

Nesse jogo, que marcou a sua despedida dos fogaceiros, Semedo acabou por ter um papel importante no meio-campo defensivo.

«Estava a atento ao Herrera, mas também ao Brahimi, que vinha muitas vezes para dentro e surgia na minha zona. Nós jogávamos com dois pivots defensivos, numa marcação zonal, e eu era o que estava do lado direito no meio-campo. No final, troquei de camisola com o Herrera. Para mim, é o melhor jogador do FC Porto, aquele que mais admiro. Herrera é o mais inteligente, joga de forma rápida e consegue pensar mais à frente do que os outros jogadores. Quem faz a diferença hoje em dia não é no que faz muitas fintas, mas o que pensa e executa rápido e bem», salienta Semedo.

Além dessa estreia auspiciosa frente a um grande, Nuno Manta não se tem dado mal no Dragão. Em quatro deslocações como técnico principal do «Billas» ao recinto portista, averbou dois empates e duas derrotas pela margem mínima.

A organização defensiva é a base de tudo, garante Semedo. Aliás, neste momento, o Feirense está a par de Manchester City e Liverpool entre as melhores defesas das grandes ligas europeias, com apenas três golos sofridos.

Nuno Manta faz a festa da manutenção com os jogadores e adeptos do Feirense

«Nuno Manta trabalha ao pormenor o processo defensivo. A partir daí, a equipa ganha confiança para crescer em campo. Nos jogos grandes, em particular com o FC Porto, tínhamos uma abordagem defensiva mais global, mas sempre com atenção a jogadores como Brahimi, Corona ou Otávio. Havia a preocupação para ter alguma superioridade numérica nas laterais, onde eles são muito fortes. E onde também caía o Marega, que pede a bola em profundidade e cria desequilíbrios. Acredito que desta vez não seja diferente», conta Semedo, que depois de ter representado Apollon Limassol (Chipre), FK Suduva (Lituânia) e Leixões na última época e meia está agora sem clube.

«Neste momento estou livre. Tenho algumas situações pendentes. Leixões queria baixar o orçamento. Rescindimos por mútuo acordo. Mas preciso de jogar. Tenho alguns projetos em perspetiva. Depende do projeto. Tanto pode ser cá, como no estrangeiro», conclui.