O F.C. Porto contratou bem, mas também mudou muito e não é em cinco ou seis meses que se constrói uma equipa, considera Victor Fernández. O técnico diz que a maior parte dos jogadores são muito jovens e acusa a pressão de jogar nomeadamente em casa.
Em entrevista à Cadena Ser o treinador considera que foram feitas boas contratações e admite que até nem foram da sua responsabilidade: «Contratou-se bem, e não fui eu que fiz a planificação técnica da equipa, incluindo agora. Os dois jogadores que contratámos estavam previstos anteriormente pelas vendas que fizeram.»
Fernández utiliza Diego como exemplo: «Contrataram jogadores bons, que podem ser importantes no futuro. Nomeadamente o caso do Diego, tido como o substituto de Deco. O Diego é muito bom e é um brasileiro que pode ser importante, mas o ritmo do Brasil não é o da Europa. E o Diego tem 19 anos, o Deco tem 27 e passou três ou quatro anos em Portugal que lhe custaram muito. Não se pode pedir ao Diego com 19 anos que chegue ao F.C. Porto e seja um líder, um jogador-estrela. É um exemplo.»
«É preciso tempo, paciência, muita responsabilidade para assumir a pressão. E no domingo houve muita pressão em campo. Porque realmente admito que nesta Liga jogámos mal, temos jogado de modo muito irregular em casa, os jogadores não foram capazes de suportar essa pressão», insiste, revelando ainda que os mais novos acusam a tensão de jogar no Dragão: «Uma equipa grande supõe uma pressão que um jovem de 20, 22 anos não está preparado para viver como um de 27 ou 28. Incorporámos muitos jogadores jovens de menos de 23 anos, que lhes está a custar muitíssimo jogar em casa. Estão a pagar isso.»
«Não é uma desculpa», defende-se Fernández, «porque eu também não estou satisfeito com a forma como a equipa jogava em casa». «Mas honestamente acho que não é argumento para tomar uma decisão tão drástica e surpreendente. Ainda para mais uma equipa que se construiu de novo, é difícil que se construa em cinco, seis meses», prossegue, repisando o seu despedimento.
O técnico lembra de resto como pôde contar com poucos jogadores veteranos, mesmo os que ficaram. «Não jogámos bem em casa, mas apesar de tudo éramos líderes e tínhamos uma equipa em construção, uma equipa que habitualmente só jogava com dois ou três jogadores da época passada, com jogadores importantes, com 30, 32 anos, como Nuno Valente e Maniche, que tiveram que ser operados e não puderam jogar. Agora tínhamos oportunidade de recuperar.»
Com os jogadores, defende, a sua relação correu «muito bem». «É uma equipa muito jovem. Sofreram muito no domingo. Com os veteranos também correu bem, embora alguns não tenham estado disponíveis. O Jorge Costa, um jogador importantíssimo, teve uma lesão muscular e não jogou domingo. O Nuno Valente ainda não jogou um único jogo toda a época, o Maniche voltou agora depois de um mês e meio e foi expulso por um descontrolo que teve, esteve em campo cinco minutos. Os veteranos eram o Vítor Baía, o Costinha e o Pedro Emanuel, que está a fazer uma temporada fantástica. O outro veterano era o Derlei, que foi vendido por oito milhões de euros ao Dínamo Moscovo. Dos veteranos não há mais ninguém, só há quatro ou cinco e dois ou três que estão a jogar.»