Victor Fernández considera «injusto» o seu afastamento do F.C. Porto e historia o processo, considerando que a decisão está muito ligada à derrota de domingo, frente ao Sp. Braga. O técnico abordou a situação em entrevista à rádio espanhola Cadena Ser.
«Não esperava. Fiquei surpreendido, foi tudo demasiado rápido. Jogámos um jogo que teve duas caras. Entrei como líder da Liga e terminei despedido», recorda Fernández, defendendo que os acontecimentos se precipitaram devido à derrota de domingo com o Sp. Braga: «Foi um mau jogo. Jogámos contra o Sp. Braga, que era terceiro, estava a um ponto de nós. Foi um mau jogo com uma reacção de desencanto dos adeptos e com uma reacção surpreendente do presidente.»
«Foi tudo muito surpreendente, creio que houve muita pressão a respeito da última partida e o presidente terá sentido que era demasiado delicado para a equipa e tinha de mudar», considera Fernández, que historia ainda o processo do seu afastamento.
O técnico dá conta de uma reunião que, diz, decorreu de modo cordial: «Convocou-me o presidente. Na reunião estava o presidente e o responsável pelos assuntos económicos. Foi uma conversa muito correcta, muito educada, onde se colocou o tema de que era melhor não continuar, porque a equipa não ia bem na Liga, porque perdemos muitos pontos em casa e era preciso mudar. Eu disse que me surpreendia, que considerava absolutamente injusto que se procurasse um responsável por essa situação. Mas correu bem, com educação e correcção.»
A uma pergunta do jornalista, o treinador diz não acreditar que houvesse alguém por trás da decisão: «Não, foi também muito pela partida de domingo.» E diz que a contestação dos adeptos visou-o a ele e aos jogadores, não a Pinto da Costa: «Meteram-se comigo e com a equipa. No F.C. Porto é difícil contestar o presidente. É uma instituição, está lá há 20 e tal anos. Mas jamais pude imaginar que o presidente tomasse essa decisão para que a equipa na Liga tomasse outro rumo.»
«Mas é o futebol e há que aceitar», insiste Fernández, rematando com «uma reflexão», como lhe chama. O técnico recorda o drama que atingiu Luís Montoya, o treinador do Once Caldas, que foi baleado, para concluir que há coisas mais importantes na vida: «Estou aqui com os meus adjuntos e as mulheres, estávamos a constatar que estamos no desemprego. Há 45 dias estávamos a jogar a final da Taça Intercontinental no Japão. Do outro lado estava um treinador que me pareceu uma pessoa excelente, correctíssima, que agora está numa cama e no melhor cenário ficará tetraplégico. Nós estamos no desemprego, mas isso é que é o mais importante desta vida.»