Médio

Nascido em 8/10/1929

Jogou entre 1945 e 1964 

TRÊS RAZÕES PARA VOTAR 

1. Considerado o melhor jogador do Mundial de 1958, o mesmo que celebrizou Pelé e Garrincha, foi o símbolo da revolução crioula, num escrete que começou por titularizar todos os jogadores brancos disponíveis (ele foi excepção desde a primeira hora), mas foi cedendo às evidências, passando a colocar em campo os mais talentosos, independentemente da cor. O cronista Nelson Rodrigues chamou-lhe «príncipe etíope, com manto de cetim e barra de arminho». Pelé foi mais sintético: «Didi foi o melhor. Ele jogava futebol com a facilidade de quem come uma laranja». 

2. Jogou em três Mundiais, sendo duas vezes campeão (em 1958 e 1962). Marcou o primeiro golo na história do Maracanã. Ganhou quatro campeonatos cariocas, pelo Fluminense e pelo Botafogo, cometendo a proeza - raríssima no Brasil - de ser considerado um símbolo destes dois clubes. Jogou 74 vezes na selecção do Brasil, marcando 21 golos. 

3. Inventou a folha seca, criando toda uma gama de emoções e expectativas em cada livre nas imediações da área e acabando com o monopólio um pouco obtuso das patadas atómicas. E patenteou os melhores passes em profundidade de que há memória no Brasil. «Para quê correr 35 metros e fazer um passe de 5 se posso dar um passe de 40? Quem precisa de correr é a bola, não eu». Uma ideia óbvia nos tempos que correm, mas que nos anos 50 valia como uma revolução coperniciana. 

E TRÊS RAZÕES PARA NÃO VOTAR 

1. Inaugurou um estilo de jogador tão apreciado pelos adeptos como detestado pelos treinadores: jogava de cadeirinha, atribuindo aos outros a missão de correr, e ficando com a carne limpa.  

2. No auge da carreira aceitou o desafio de jogar na melhor equipa do Mundo, o Real Madrid. Falhou rotundamente, em parte porque não cabia na mesma equipa que Di Stefano, em parte porque nunca se habituou a ter de correr atrás da bola e em parte porque sentiu saudades do Brasil. 

3. 27 de Junho de 1954. O Brasil é derrotado pela Hungria (4-2) nos quartos-de-final do Campeonato do Mundo. No fim do jogo rebenta um dos maiores sururus da história do futebol. Boszik, Lorant, Nilton Santos e Humberto foram expulsos. As portas dos balneários foram derrubadas e as janelas estilhaçadas. Puskas, que estava na bancada, lesionado, veio em socorro dos húngaros empunhando uma garrafa partida, o seleccionador Zezé Moreira agrediu o presidente da federação húngara com uma chuteira na cabeça, um suplente brasileiro não identificado derrubou dois polícias suíços com golpes de capoeira. Didi é praticamente o único jogador não mencionado nos vários relatos da cena épica. O desportivismo é muito bonito, mas neste cenário de guerra mais pareceu deserção.