Karim Benzema fez a sua estreia num Campeonato do Mundo aos 26 anos. Falhou o torneio de 2010 numa decisão polémica de Raymond Domenech. Agora, dá a melhor resposta possível ao antigo selecionador gaulês.

A relação entre ambos nunca foi boa e chegou a um ponto inacreditável em março de 2013. Primeiro, foi Benzema a dizer que não tinha de cantar o hino nacional de França – lembrando que Zidane, por exemplo, também não gostava de o fazer.

Na resposta, logo após um jogo pouco inspirado com a Geórgia, Domenech resumiu a sua avaliação: «Benzema confirmou que é um inútil.»

O avançado do Real Madrid tinha saído debaixo de assobios no referido encontro, mas aquela declaração de Raymond Domenech mudou o rumo da conversa.

Karim Benzema esperou. E neste domingo, no primeiro jogo da França no Mundial do Brasil, deu o troco com dois golos e meio (o segundo foi atribuído ao guarda-redes das Honduras e validado pela tecnologia).

A seleção francesa abateu a oposição hondurenha e o jogador arrecadou o prémio de melhor em campo.

Durante algum tempo, ainda assim, as críticas a Benzema na seleção fizeram sentido. O avançado chegou a este Mundial sem golos nas fases finais das maiores competições.

Com tenra idade, disputou o Campeonato da Europa de 2008, fez dois jogos como titular e ficou em branco. A França ficou no último lugar do seu grupo, com apenas um ponto.

Raymond Domenech riscou o seu nome no Mundial da África do Sul, mas Benzema voltaria à seleção após o torneio, já sem o polémico treinador.

No Euro2012, novo desempenho modesto. Quatro jogos como titular, uma vez mais sem golos. A França passou a fase de grupos com apenas quatro pontos e caiu na eliminatória seguinte, frente à futura campeã Espanha.

Karim Benzema esteve mais de um ano sem marcar por Les Bleus. O jejum terminou a 11 de outubro de 2013, com o avançado do Real Madrid a ser decisivo no play-off do mês seguinte frente à Ucrânia.




No Real Madrid, o ponta-de-lança terminou a época com 24 golos em 52 golos, contribuindo para o sucesso na Taça do Rei e na Liga dos Campeões. Carlo Ancelotti foi importante para a evolução do jogador.

Didier Deschamps agradeceu. No arranque do Mundial de 2014, colocou Benzema na frente de ataque e deixou Giroud no banco. Ao minuto 45, o primeiro golo, na cobrança de uma grande penalidade.

Karim Benzema festejaria ainda o 2-0, com o seu remate a levar a bola para o poste da baliza hondurenha. Na sequência, o guarda-redes contrário tocou por instinto para dentro, demonstrando a utilidade da tecnologia. O golo seria atribuído ao infeliz Joel Valladares.

O avançado viria a bisar, de qualquer forma, fixando o resultado final. Assim, foi o terceiro francês a marcar dois ou mais golos na sua estreia num Campeonato do Mundo.

Andre Maschinot foi o primeiro, em 1930, e nenhum outro conseguira o mesmo desde o mítico Just Fontaine, em 1958. Mais de meio século depois, a hora de Benzema.

«Estou muito contente e orgulhoso. Mas o mais importante foi a vitória. Há muita gente que me julga pelo número de golos que faço, mas para mim o mais importante é a forma como jogo.»