Vamos mesmo ter um clássico a 22 de janeiro, em Braga, na Final Four da Taça da Liga. O FC Porto sofreu a bom sofrer no Jamor, mas acabou por bater o Belenenses com a 16.ª vitória consecutiva na presente época e fazendo história, batendo a marca de 1984/85 sob o comando de Artur Jorge. A equipa de Sérgio Conceição entrou no jogo a dormir, consentiu um golo e obrigou o treinador a redefinir toda a estratégia ainda na primeira parte. O campeão cresceu a olhos vistos no segundo tempo e virou o jogo em dois tempos. A qualificação ainda esteve ameaçada pelos golos em Chaves e pela luvas de Mika, mas a vitória pela margem mínima acabou por ser suficiente pela diferença de um golo. Tivemos, portanto, um jogo intenso até ao último segundo.

Confira a FICHA DO JOGO

O jogo começou com um atraso de quase sete minutos no Jamor, mas o FC Porto demorou bem mais do que isso a entrar na partida. Entrou bem melhor o Belenenses, a jogar com três centrais, dois alas bem adiantados, um meio-campo bem preenchido e um ataque móvel. Ainda o campeão estava a assimilar a disposição do adversário quando a equipa de Silas adiantou-se no marcador. Estavam decorridos apenas cinco minutos de jogo, livre sobre a esquerda, marcado por Matija, cabeçada de Cleyton para defesa apertada de Vaná. A bola sobrou para Reinildo que só teve de encostar.

Um golo que fez despertar o FC Porto que, logo de seguida, procurou assumir as rédeas do jogo, levando a contenda para o meio-campo contrário. Bruno Costa, a grande surpresa no onze do FC Porto, em estreia absoluta esta época na equipa principal, subiu de imediato no campo para jogar entre Corona e Brahimi no apoio direto a Marega, mas a verdade é que o FC Porto sentia tremendas dificuldades em conseguir profundidade. O Belenenses tinha muita gente no corredor central e, em simultâneo, fechava bem as alas.

Foi mesmo Bruno Costa que assinou o primeiro remate do FC Porto, aos 21 minutos, numa altura em que o FC Porto procurava montar um cerco à entrada da área dos «azuis» de Silas. Sucederam-se as oportunidades e Corona esteve perto do empate por duas vezes, primeiro com uma cabeçada a um cruzamento de Alex Teles, depois com um remate colocado que levou a bola ao poste. Mas Sérgio Conceição estava visivelmente insatisfeito junto à linha e um golo do Chaves, no outro jogo do grupo, levou o treinador a repensar toda a ideia de jogo que tinha idealizado para esta tarde, pedindo a Hernâni e a Tiquinho para acelerarem o aquecimento.

O Belenenses não voltou a criar perigo até ao intervalo, mas a verdade é que continuava a evidenciar uma excelente organização defensiva e conseguia sair a jogar com facilidade, pelas alas, lançando a bola para as costas dos laterais do FC Porto, sempre adiantados no apoio ao ataque. Sérgio Conceição não esperou muito mais e fez mesmo duas alterações ainda antes do intervalo, abdicando de Maxi Pereira e de Bruno Costa. Corona passou a assumir a defesa do corredor direito que passou a dividir com Hernâni, enquanto Tiquinho colocava-se ao lado de Marega. Um FC Porto mais partido, à procura de um futebol mais direto para chegar ao empate, mas o intervalo chegou logo a seguir, sem que fosse possível tirar ilações do novo desenho tático do campeão.

Novo atraso, mas com FC Porto mais desperto

A segunda parte voltou a começar com atraso, mas desta vez começou com um FC Porto bem desperto, a imprimir velocidade ao jogo e a colocar muita gente na área. O FC Porto assumia definitivamente o jogo direto, com toda a equipa adiantada, numa exposição arriscada, como ficou demonstrado num passe de Eduardo a lançar Dramé com a defesa  do FC Porto em contra-pé. O avançado entrou na área em drible, passou por Felipe e atirou cruzado, com Vaná batido e a bola a passar muito perto do poste. Os adeptos do FC Porto ainda estavam a suster a respiração quando o FC Porto chegou ao empate. Grande trabalho de Brahimi sobre a esquerda, tentou servir Tiquinho, recuperou a bola e serviu Marega, picando a bola sobre Mika, para a fazer chegar a Marega que atirou a contar. O FC Porto voltava a estar em vantagem na classificação e, talvez por isso, toda a equipa foi festejar com Sérgi Conceição junto ao banco.

O FC Porto continuava partido, balanceado para a baliza de Mika e Silas viu nisso uma oportunidade para recuperar a vantagem, lançando, de uma assentada, Licá e Henrique para o ataque, abdicando de um dos centrais, mas só dava FC Porto e a reviravolta surgiu logo a seguir, de bola parada. Livre de Alex Teles, sobre a esquerda, com Tiquinho Soares a elevar-se bem junto ao primeiro poste para bater Mika com uma cabeçada. Agora sim, o FC Porto parecia definitivamente lançado para a Final Four e logo a seguir reorganizou-se em campo, procurando equilibrar mais as transições defensivas. Corona e Alex Teles deixaram de subir, Herrera e Brahimi também resguardaram-se mais.

No outro jogo do grupo, o Chaves também passava para a frente do marcador e aumentou a vantagem sobre o Varzim para 3-1, ficando a apenas um golo da qualificação. Sérgio Conceição passava essa informação para dentro do campo, procurando manter a equipa viva numa altura em que Licá provocava novo calafrio no Jamor.

O jogo seguiu intenso até final, com o FC Porto sempre mais perto do terceiro golo, com destaque para três defesas enormes de Mika, primeiro a uma bomba de Hernâni, depois a um remate à queima-roupa de Adrián, depois novamente a anular um remate de Hernâni. O FC Porto chegou mesmo a marcar, por Éder Militão, mas o central estava em posição irregular. Não valeu. Não houve mais golos. Nem no Jamor, nem em Chaves, pelo que ao FC Porto segue para a Final Four pela diferença de um golo.

Confira o resumo do jogo: