Do céu ao inferno em cinco minutos. O Benfica está fora da Liga dos Campeões depois de empatar com o Leipzig (2-2) com dois golos consentidos nos últimos instantes do jogo. Antes disso, o Benfica tinha subido uma montanha, colocou-se em vantagem e, com o segundo golo, tinha garantido também vantagem, caso fosse necessário, no confronto direto sobre os alemães. No entanto, depois de chegar ao topo da montanha, a equipa de Bruno Lage desceu de trenó e deitou tudo a perder. Uma grande penalidade sobre o minuto noventa e uma cabeçada de Forseberg já em tempo de compensação anularam toda a determinação que o campeão português tinha colocado neste jogo.

Confira a FICHA DO JOGO

Depois da vitória do Zenit sobre o Lyon, por 2-0, ao final da tarde, o Benfica entrou em campo a depender de si próprio, mas estava obrigado a vencer esta noite e, em simultâneo, a ficar em vantagem no confronto direto com os alemães que tinham vencido na Luz por 2-1. Desta vez, Bruno Lage apostou mesmo nos «melhores», com André Almeida e Pizzi outra vez juntos na ala direita e Vinicius no ataque, com Chiquinho nas costas.

Os objetivos estavam bem definidos e o campeão português entrou em campo com um bloco bem compacto, a jogar de forma inteligente, sem precipitações, à espera de um erro do Leipzig para chegar à baliza de Gulácsi.

Os alemães entraram no jogo com mais posse de bola e um jogo bem mais vertical, com Saracchi a subir pelo flanco esquerdo e a permitir a Forsbeg optar mais pelo jogo interior, enquanto, do lado contrário, Sabitzer procurava explorar as costas de Grimaldo.

Mas a verdade é que o Benfica estava bem compacto e solidário, movendo-se em bloco, à espera de uma oportunidade para ferir o adversário. E esta acabou por surgir, aos 20 minutos. Recuperação de Gabriel a lançar Grimaldo que, por sua vez, abriu para Taarabt. O marroquino combinou com Vinicius na área, Upamecano consegue cortar o lance, mas a bola sobrou para Pizzi que atirou a contar.

14.º golo de Pizzi esta temporada e o Benfica subiu meia montanha. O Leipzig quase que empatou, na resposta, com Forsberg a destacar Nkunku na área, mas o avançado atirou à figura de Vlachodimos. A verdade é que, em vantagem, o Benfica cresceu no jogo, aproveitando muito bem o adiantamento dos alemães que procuravam o empate. Forsberg teve nova oportunidade, mas Chiquinho também testou um remate fora da área.

O jogo seguiu intenso até ao intervalo, o Leipzig ainda queixou-se de uma grande penalidade que ficou por marcar, depois de um empurrão de Grimaldo sobre Nkunku, mas o árbitro nada assinalou e a última palavra foi mesmo do Benfica, com Pizzi, com espaço, a atirar em jeito, com a bola a sofrer um desvio num adversário e a ir à trave. Foi por centímetros que o Benfica não dobrou a vantagem antes do intervalo.

O Leipzig manteve a intensidade no arranque do segundo tempo, com uma pressão ainda mais alta a obrigar o Benfica a cometer muito erros, mas, mais uma vez, a equipa de Bruno Lage voltou a demonstrar extrema eficácia. Bastou um erro dos alemães para o Benfica chegar ao segundo golo. Klastormann escorregou, falhou um corte e deixou Vinicius isolado. O avançado correu meio-campo, entrou na área, Gulácsi ficou na expetativa e o avançado atirou a contar. Estava feito o 2-0.

Deste lance ainda resultou a lesão do guarda-redes húngaro que ainda chocou com o avançado do Benfica e teve de ceder a vez a Mvovo. Um pormenor importante, uma vez que a troca de guarda-redes acabaria por dilatar o tempo de compensação no final do jogo, com consequências dramáticas para o Benfica. Mas a verdade é que nesta altura, o plano do Benfica estava a decorrer de forma perfeita. A equipa de Bruno Lage não só tinha vantagem no marcador, como tinha adquirido vantagem no confronto direto com os alemães, caso fosse necessária nas contas no final da última ronda.

Ainda faltava meia-hora para o final e, já se sabia, a pressão dos alemães ia aumentar. E aumentou com a entrada de Patrick Schick que encaixou muito bem no ataque alemão, com sucessivas combinações com Timo Werner e Nkunku numa frente cada vez mais alargada junto à baliza de Vlachodimos. O Leipzig jogava agora com uma equipa totalmente partida, virada para o ataque, enquanto Benfica procurava estancar todos os caminhos para a baliza de Vlachodimos.

Um jogo totalmente aberto que até podia ter caído definitivamente para o lado do Benfica quando Raul de Tomás, que rendeu o esgotado Vinicius, viu Mvovo adiantado e tentou marcar com um pontapé antes do meio-campo. O guarda-redes suíço ainda recuperou e, com a ponta dos dedos, ainda chegou àquela bola que podia ter sido determinante neste jogo.

A verdade é que o Benfica parecia estar bem, apesar da crescente pressão dos alemães. Patrick Schick e Timo Werner tentavam tudo, mas os minutos corriam para o final ainda com o 2-0 no placar. Mesmo em cima do minuto noventa, Rúben Dias travou Patrick Schick na área e o árbitro, desta vez, não deixou escapar a grande penalidade que Forsberg transformou em golo.

Ainda assim, o Benfica seguia vivo no jogo. O resultado de Leipzig era igual ao da Luz e estava tudo em aberto, mas o Benfica acabou por ceder, cinco minutos para lá dos noventa [o árbitro deu nove minutos], com Werner a cruzar para a cabeçada imparável de Forsberg. O Leipzig chegava, assim, aos oitavos de final e o Benfica estava definitivamente fora desta luta. Segue-se a luta pela Liga Europa que obriga a lutar por novo triunfo, em casa, frente ao Zenit.