Irmã Serafina adora futebol. Adora o Real Madrid e a seleção de Espanha. Adora Vicente del Bosque, «um homem sério e íntegro», e José Mourinho, «um treinador sempre com algo importante para dizer, apesar dos modos nem sempre bonitos».

Do convento para os relvados da bola

A presidente do Colégio Santa Mónica, equipa da Primeira Regional nas Ilhas Baleares, só não tolera o comportamento de... Pepe. O internacional português tem aqui uma forte opositora.

«Eles [futebolistas] são modelos para a sociedade, para as crianças», explica Irmã Serafina ao Maisfutebol. «São imitados e admirados, por isso são obrigados a ter muito cuidado com tudo o que fazem. Por isso não entendo o senhor Pepe».

Assim mesmo, senhor Pepe. A religiosa, dirigente máxima de uma equipa de futebol em Maiorca, não é partidária do comportamento do central nos relvados.

«Todos podem errar, aceito tudo isso. Mas o senhor Pepe, jogador do meu Real Madrid, faz por vezes coisas inaceitáveis. Dá má imagem ao clube. Fico triste, pois sinto que ele é bom rapaz. Não pode perder a cabeça», determina a senhora.

Perante isto, a pergunta impunha-se: Pepe teria lugar no Colégio Santa Mónica?

«Lamentavelmente não. É reincidente nos maus comportamentos. Se pudesse falar com o presidente Florentino, aconselhava-o a afastar Pepe por algum tempo».

Quatro jogos ao fim-de-semana (mais um na tv)

Serafina Vilanova cresceu nas calles empedradas de Campanet, sempre a correr atrás de uma bola. Passou para a baliza, partiu os óculos vezes sem conta, apaixonou-se na meninice pelo histórico Iribar, portero do Athletic Bilbao.

No final da adolescência entregou-se ao adestro da penitência e da oração. Ouvia num pequeno transístor, «às escondidas», os jogos do Real Madrid. Imaginava o ambiente do Santiago Bernabéu, sonhava em estar um dia no futebol.

Abandonou a reclusão, foi colocada no Colégio Santa Mónica e já não precisa de se refugiar para gritar os golos. «Vejo três ou quatro jogos por fim-de-semana [seniores e camadas jovens], sem contar com o domingo à noite, em que fico em casa a ver na televisão mais um».

Dos jogadores atuais, Irmã Serafina destaca Iker Casillas. Por ser guarda-redes, «um bom guarda-redes», mas também por ter um «comportamento muito tranquilo». No futebol, de resto, só há duas coisas que verdadeiramente incomodam.

«A violência e os salários exagerados. Às vezes sinto-me tentada a abandonar o futebol. Os gastos que há neste desporto não são justos para quem morre à fome».