No primeiro dia, de dois, da greve marcada pelos maiores sindicatos nacionais o PortugalDiário andou por Lisboa, para perceber de que forma a cidade estava a ser afectada pela paragem da função pública, do metropolitano de Lisboa e da Soflusa.

As duas repartições de finanças visitadas pelo PortugalDiário, o 6º e o 7º Bairro Fiscal, estavam de portas abertas e a funcionar. Em Alcântara, no 6º Bairro Fiscal, a chefe da repartição explicou que «até agora apenas faltou um funcionário, por isso, está tudo a trabalhar normalmente». E amanhã espera maior adesão? «Nunca perguntamos aos funcionários se fazem ou não greve. Depois vejo».

Com um ar espantado uma utente perguntou «aqui não há greve?». «Não. Estamos a funcionar». Sem querer perder muito tempo a explicar ao PortugalDiário o que a tinha levado às finanças, apenas disse que «esperava dar com o nariz na porta, mas que ainda bem que podia resolver o seu problema».

Fechada e com grades na porta estava a Junta de Freguesia de Alcântara.

No liceu Rainha D. Amélia, os alunos juntam-se à porta e esperam «para ver se os professores chegam e se há aulas». Lá dentro o ambiente é confuso. Os funcionários multiplicam-se par tentar perceber quais os professores que ainda não chegaram, quem avisou que ia fazer greve e em respostas aos alunos impacientes por saber se têm «folga».

Isabel Le-Guê, presidente do Conselho Executivo do liceu, disse ao PortugalDiário que ainda não tinha números finais de adesão à greve. «Por enquanto estão encerrados os serviços administrativos, o bar, o refeitório e o balneário masculino».

Dos 44 professores que deviam «dar aulas entre as 08:15 e as 10:00 faltaram 11», conta. E dos 26 funcionários não docentes «faltaram 16». Durante as primeiras horas da manhã houve poucas aulas e alguns pais acabaram por ir buscar os filhos. «Só se a escola considerar que não há forma de garantir a segurança dos alunos é que os mandamos todos para casa. Enquanto for possível ficamos abertos».

Utentes percebem e reclamam pouco

No Cais do Sodré, Amândio Francisco, funcionário da Carris, indica aos utentes do metropolitano de Lisboa os transportes alternativos e o seu destino final. «A maioria das pessoas, talvez 90 por cento, compreende a greve. Apesar de sentirem a sua vida transtornada aceitam e não contestam», afirma ao PortugalDiário.

Amândio Francisco diz que a manhã até «foi calma. Houve menos confusão, porque havia menos pessoas a ir trabalhar».

Já no Hospital Egas Moniz, os corredores estavam cheios. Não porque os médicos não estivessem a trabalhar, mas porque é assim todos os dias. «O Dr. está a dar consulta?», perguntavam no guichet. Em quase todos os casos a resposta foi «sim. Tire senha e aguarde».

Da administração do Hospital apenas foi dito ao PortugalDiário que ainda era cedo para haver números. «Só mais logo, mas tudo aponta para pouca adesão, talvez 10 por cento».

Outra funcionária comentava baixinho: «São dois dias e amanhã é sexta-feira».