No dia 21 do mês passado, o jornal «El País» noticiava que o futebol espanhol tinha o seu primeiro jogador profissional indiciado por manipulação do resultado de jogos. Nesta quinta-feira, foi o capitão do At. Madrid, Gabi, que esteve envolvido em mais um caso suspeito. As autoridades espanholas, quer as desportivas, quer as judiciais, estão a apertar o cerco.

O jogador do At, Madrid foi dar esclarecimentos nesta quinta-feira às autoridades contra corrupção e a criminalidade organizada sobre o jogo de 2011 entre o Levante e o Saragoça. O jogo terminou com a vitória do Saragoça por 2-1. Os dois golos do conjunto que jogou como visitante foram marcados por Gabi, nessa altura também capitão de equipa.

As suspeitas de crime incidem sobre o alegado suborno de jogadores do Levante para perderem o jogo, pois o Saragoça poderia evitar a descida de divisão – o que acabou por conseguir. Na investigação a este jogo, estão a ser inquiridos 20 futebolistas, além do treinador da equipa do Saragoça na altura, Javier Aguirre, e do então presidente do clube, Agapito Iglesias.

O relato do jornal «El Mundo» refere que Gabi declarou ter feito «o que o Agapito pediu». Mais em pormenor, o jornal explica que Gabi recebeu 85 mil euros na sua conta, mas que o dinheiro voltou a sair da sua posse. Estas transferências que aconteceram com vários jogadores do Saragoça que voltaram a ver o dinheiro ser retirado é que deixaram as autoridades, escreve o «El Mundo», a suspeitar de que esse dinheiro tenha tido como destino «os jogadores do Levante».



O «El País» já tinha escrito também que o dinheiro para o Levante tinha sido «camuflado» como prémio de jogo para os jogadores do Saragoça se conseguissem evitar a despromoção. Às autoridades judiciais espanholas Gabi declarou «não ter conhecimento de que [o dinheiro] tivesse ido para os jogadores do Levante nem do que aconteceu ao dinheiro». É mais uma investigação que prossegue, a par da referida no início. José Vega (atualmente) sem clube foi o primeiro futebolista profissional a ser indiciado pela manipulação de resultados.

O jogo em causa para a acusação a Vega é um Girona-Xerez da segunda divisão espanhola em 2013 quando a equipa da casa lutava para subir de divisão. Além das denúncias – que também aconteceram neste caso –, não só o futebol, mas, no geral, a Espanha está a apertar o cerco à manipulação dos jogos. Um passo essencial foi dado com a inclusão no Código Penal, em 2010, da manipulação de jogos.

Ao lado dos jogos suspeitos de terem tido jogadores subornados para se atingir um objetivo desportivo, nomeadamente, um benefício na classificação, outra das incidências da Liga espanhola de futebol no presente são os jogos suspeitos de terem tido resultados manipulados por causa das apostas. Neste momento, a entidade presidida por Javier Tebas tem 13 jogos sob escrutínio de uma empresa contratada para verificar o afluxo estranho de apostas.

Segundo o «El País», daqueles 13 encontros suspeitos para a Liga, pelo menos quatro também já estão sob investigação das autoridades judiciais.